sexta-feira, 1 de julho de 2011

Curitiba - São Paulo via BR-277

Domingo, fim de festa e hora de despedidas para quem voltava para Porto Alegre (volta bastante sofrida pelo mau tempo que enfrentaram: debaixo de chuva durante todo o tempo), para quem voltava pela Régis Bittencourt (Bugno e Danny) e para quem voltava de avião (Silvana e Nuno).


Eu segui com o grupo original para São Paulo e ficou decidido voltar pela BR-277 que segue para o norte do Paraná, evitando a Regis Bittencourt. É um caminho mais longo, mas para quem está passeando é sempre uma opção.


Inicialmente o trajeto seria Curitiba - Ponta Grossa (BR-277), Ponta Grossa - Jaguariaíva (PR-151), Jaguariaíva - Capão Bonito (SP-258) e de lá o trajeto já feito: Capão Bonito, Itapetininga, Sorocaba e São Paulo contabilizando cerca de 600 kms (150 kms a mais que o caminho direto pela BR-116).


Saída com tempo seco e frio às 8h30, um ligeiro "looping" para achar a entrada da BR-277 e estávamos na estrada por volta das 9h00.


Assim que saímos de Curitiba o tempo foi ficando mais carregado e seguimos com péssimas perspectivas até Ponta Grossa. O vento forte atrapalhava a pilotagem (principalmente da minha moto com seus aros sólidos) e acabei ficando com o Chacon que servia de ala com o Scenic.


Em Ponta Grossa começou a chover e diminuiu o vento lateral. Eu não gosto de chuva e pista molhada, mas estava preferindo a chuva e um pouco de neblina que o vento lateral. Seguimos até Jaguariaíva com chuva constante.


Parada para abastecimento e o Celestino disse que se sentia mais a vontade me seguindo do que como capitão de estrada (estava cansado de ficar procurando por mim no retrovisor...) e assim partimos de Jaguariaíva. Tempo melhorando (diminuindo a chuva) e pista molhada, passei a ser o capitão de estrada com o Celestino como cerra-fila.

Após 40 minutos rodando nos demos conta que a distância para São Paulo aumentava ao invés de diminuir. Algo errado... para tudo! Andamos 80 kms já chegando em Wencesláu Braz, sempre seguindo pela PR-151. Pedido de informações no posto de gasolina e verificamos onde foi a lambança: em Jaguariaíva já devíamos ter saido para a ligação com a SP-258, cerca de 50 kms a frente ao invés de continuar seguindo pela PR-151.

Volta, não volta ou segue em frente... o GPS indicava que teríamos mais 150 kms além dos 600 kms já previstos e voltar não teria sentido pois já tinhamos rodado 80 e voltaríamos novamente os mesmos 80 kms... ou seja: segue em frente e aproveita a vida.

Mudança de trajeto: seguindo pela PR-151 até Carlopólis, virando para Fartura a fim de pegar a SP-287 e seguindo para Avaré até alcançar a Rodovia Castelo Branco (SP-280) que nos levaria até São Paulo.


Recomeço de chuva e fomos embora pelo norte do Paraná. Na ligação com Avaré tivemos outro trecho de off road (o primeiro tinha sido os últimos 40 kms até Wencesláu Braz) de mais 60 kms até Taquarituba.

Quando comento em trecho de off road, me refiro a piso muito esburacado, onde as motos vão batendo e quicando nos buracos que variavam da espessura da camada superficial do asfalto (menos de um centímetro) até boas crateras com mais de dez centímetros de profundidade. De uma forma geral era escolher os buracos menores e evitar os maiores.

As HDs mostraram resistência: velocidade sempre na casa dos 100 km/h, piso completamente esburacado e não perderam nenhuma peça... Como sempre dizem: se cair alguma coisa da sua HD é porque era uma peça inútil.


A partir de Taquarituba o vento lateral retornou, para meu suplício, e acabamos (eu, Celestino e Chacon) ficando para trás. As Sportsters seguiram em ritmo mais rápido e eu segui me pendurando na Fat para mantê-la na trajetória (em uma rajada mais forte acabei deslocado lateralmente cerca de dois metros).

Quando entramos na Castelo Branco, o vento diminuiu o incômodo (estrada mais abrigada já que o trecho anterior estava sob influência da área aberta do espelho d'água de uma represa) e só tive que me preocupar com a chuva (galho fraco a essa altura da viagem). Parada para abastecer e já tinhamos informação de muito congestionamento a partir de Sorocaba (acabou iniciando antes: em Tatuí).

Já era noite e decidimos seguir em dupla para evitar o estresse de ficar procurando quem vinha atrás e poder negociar melhor as ultrapassagens e passagens pelo corredor, evitando maiores problemas com trânsito e nas ultrapassagens noturnas. As Sportsters seguiram na frente e a EG e a Fat seguiram atrás. O Scenic parou no transito pesado.

No trecho feito à noite percebi a importância de um bom farol: com a chuva fina e o trânsito, o farol original em conjunto com os faróis auxiliares mostraram ser muito eficientes. Talvez as lâmpadas super brancas não tivessem tanta eficiência nessas condições de chuva/cerração.

As motos seguiam pelo corredor, na pista molhada e, a partir do km 56, com muito diesel... meu capacete chegou amarelado da mistura água/diesel. Conseguimos chegar em São Paulo, na Praça Panamericana, às 22h00, treze horas depois de ter entrado na estrada em Curitiba.

O que motiva encarar essas dificuldades? Para mim era a vontade de chegar. Com a chegada da noite, acredito que qualquer sugestão de pernoite teria sido benvinda, mas estar tão perto do destino (cerca de 150 kms) depois de ter rodado tanto (cerca de 600 kms) dá animo para chegar porque você se anima exatamente porque está acabando e o destino final já está na sua cara.

Nesse momento outra dificuldade é dominar a ansiedade para manter um ritmo dentro das suas possibilidades (tanto físicas quanto da moto e da estrada) para evitar o chamado acidente da descontração (quando você relaxa por estar perto de casa). Infelizmente, em duas rodas, a concentração deve ser total durante todo o tempo.

Poderíamos ter feito em menos tempo? Eu não conseguiria. Fiquei muito grato pela companhia dos amigos que me viram com dificuldades na luta contra o vento lateral e decidiram seguir no meu ritmo.

E com tudo isso, as motos mostraram ser muito confiáveis. Não perderam rendimento, o consumo foi estável durante toda a viagem e sobrou para mim investigar se a sensibilidade ao vento lateral é normal (nunca cheguei à situação de alguns trechos nesse retorno) ou se tem algo atrapalhando.

A Fat ficou em São Paulo. Tomei essa decisão depois da briga com o vento, a chuva, o frio, a noite e o corredor na estrada decidi que não valia a pena insistir na sorte voltando para o Rio no dia seguinte com previsão de chuva, ainda mais voltando sozinho. Avião na segunda-feira pela manhã e voltarei para pegar a Fat no dia 7/7, quando o pessoal vem ao Rio passear. Terei companhia para a estrada e já estarei na vontade de subir na moto novamente.

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