Assunto recorrente nas conversas com os amigos depois da viagem à Curitiba foi como encarei a estrada e as condições adversas que acabei pegando pelo caminho.
Não tem outra resposta, exceto estar preparado.
Em que pese nada na minha experiência anterior em duas rodas ter me preparado para o trecho final na chegada em São Paulo (frio, chuva, noite e trânsito), já esperava encontrar boa parte das condições que enfrentei na estrada.
Contando com isso, fiz a minha preparação da melhor maneira possível: equipamento adequado, moto em perfeitas condições e preparo físico para encarar viagens com até dez horas de estrada.
Sobre o equipamento adequado, a melhor sugestão é tentar prever as condições da estrada: piso, distâncias entre os abastecimentos e clima a ser enfrentado. Pegando informações sobre o estado da estrada você consegue melhor base para a decisão sobre o caminho a ser percorrido e as distâncias que você pode percorrer antes da parada para descanso.
Tentar manter-se dentro da idéia de parar a cada duas horas ou duzentos quilometros (ou diminuir esse intervalo se as condições são piores que as esperadas) ajuda bastante a manter a viagem segura. Evitar estradas com trânsito muito pesado, sempre que possível, também é uma grande idéia.
O equipamento não deve ser "estreado" durante a viagem. Tenha certeza que a calça que você escolheu não vai te atrapalhar quando estiver com o forro térmico, do mesmo modo que a segunda pele, o forro térmico e o forro impermeável vão te deixar confortável para pilotar. Uma viagem onde a armadura é um peso acaba se transformando em um martírio que nenhuma noite de descanso vai resolver.
Sua moto deve estar nas melhores condições possíveis: não saia com a moto sabendo que pode não chegar porque o conserto improvisado pode acabar não funcionando mais na frente. Adiante a revisão, faça a manutenção programada com seu mecânico de confiança mesmo que isso possa ser adiado porque o seu mecânico de confiança não vai estar com você para fazer a manutenção obedecendo o manual porque atingiu a quilometragem recomendada no meio da viagem.
E principalmente tenha certeza que está apto para aturar uma viagem longa. Ser teimoso e partir para uma viagem já estando doente ou sem a certeza de que consegue aturar o banco da sua moto sem ficar dolorido é certeza de martírio. Eu viajei por várias horas, chegando naturalmente cansado, mas sempre de bem com a vida por estar fazendo algo prazeiroso e descontraindo da rotina diária. A idéia era chegar, tomar um banho e sair para conversar com os amigos e isso não seria possível se não tivesse posição na cadeira do bar ou não aguentasse uma caminhada pela noite de Curitiba.
Procure deixar a moto confortável para você se sentir bem ao chegar, seja no trabalho ou seja no lazer. Muitas vezes isso significa a diferença que deixa as melhores recordações da viagem.
E não esqueça: não force além do seu limite. A maior parte dos acidentes é decorrência de falha humana por forçar além do limite tolerável, principalmente na saída e na chegada.
2 comentários:
wolfmann, vou até cusco em setembro. ida e volta são 30 dias e mais de 8000km... alguma dica do que levar na mala?
abraços,
Renato
o Kit de reparo de pneu dá um descanso para a consciência. Jogo de ferramentas mínimo (não esquece das chaves torx).
Segunda pele para perna e tronco é imprescindível, principalmente pelo frio que vai encarar no caminho.
Forro térmico e impermeável para calça e casaco, luva impermeável e forrada.
E pense em quanto tempo vai ficar sem a possibilidade de lavar sua roupa para poder ir trocando ao longo da viagem e ter uma reserva enquanto lava em Cusco.
Um blog para você dar uma lida é o www.viagemdemoto.com que é mantido pelo Rômulo Provetti. Nele você encontra várias experiências em viagens pelos Andes, inclusive a preparação dele para ir até Atacama com a Sportster que ele teve antes da Heritage que tem hoje.
E boa viagem!
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