sábado, 26 de setembro de 2015

e o dolár... alguém arrisca uma aposta sobre o comportamento do mercado de HDs zero?

Com números da ABRACICLO abrangendo até 31/08/2015, ou seja um mês antes da baderna cambial, a projeção dos números da HDMC Brasil já mostrava um resultado bem abaixo das estimativas para 2015.

Wilson Roque já colocou esses números no seu blog, inclusive mostrando que o mercado como um todo vem descendo a ladeira (exceção feita à BMW), para maiores detalhes dê uma lida aqui .

Agravando esse cenário tivemos uma forte alta das moedas americana e européia deixando ainda pior o panorama para os produtos importados.

A pergunta que já me fizeram algumas vezes é se vale a pena esperar que a oferta de motos zeros aumente ainda mais pela falta de demanda do mercado comprador para conseguir descontos ou valorização da moto usada na troca ou se a alta do dólar vai aumentar ainda mais os preços das motos zeros.

Não tenho bola de cristal e nem o telefone da cúpula do Governo brasileiro para dispor de alguma informação privilegiada.

O que posso fazer é o que sempre faço: dizer o que faria na situação de querer uma moto zero.

Eu avalio que o cenário econômico não muda esse ano, e provavelmente nem no próximo ano.

O câmbio deve ir até um limite traçado pela equipe econômica (as intervenções do BC na sexta feira já mostram que o limite tolerável deve ser R$4,00/U$), onde o mercado consumidor seja forçado a consumir o produto nacional ao invés do produto importado, estimulando o consumo independente do uso de moeda estrangeira e as exportações. Desse modo teremos um prejuízo para os importadores (que ainda devem ter uma "reserva técnica" em estoque de pedidos feitos e pagos com cotação menor), mas que deve afetar pouco os produtos nacionais ou nacionalizados (como é o caso das motocicletas produzidas em Manaus).

E por último teremos o fator "modinha" no consumo das novidades anunciadas no Salão Duas Rodas que acontece em quinze dias.

Dentro dessa conjuntura, acredito que o mercado para a HDMC Brasil sofrerá mais impacto da entrada da Indian que da alta do dólar.

Embora a alta do dólar seja um fator que vai influenciar no preço de venda, ele não será tão fundamental porque as motos são nacionalizadas em Manaus e se beneficiam de isenções importantes. Os modelos CVOs serão bem impactados pelo câmbio e talvez nem apareçam no ano que vem, mas isso é algo a ser comprovado.

A demanda do mercado é algo que a HDMC Brasil já controla desde sua entrada no mercado. Com exceção do erro estratégico na comercialização das Limited Rushmore Project que tiveram a demanda superestimada e acabaram "encalhando" e precisaram de sucessivas promoções para finalizar o estoque 2014, a HDMC não vem produzindo sobras para as "promoções de fim de ano" tradicionais no tempo do Grupo Izzo, gerenciando isso ao longo do ano com as promoções programadas de modelos durante os meses (atualmente estão em promoção de juros baixos as Sportsters Iron e 48, além das Softails).

Portanto só resta mesmo o fator "modinha" que a entrada da Polaris, com sua marca Indian, no mercado brasileiro vai incluir na hora de decidir a compra da HD zero. Esse deve ser um fator que vai incomodar a estratégia da HDMC e talvez traga algum benefício para o consumidor.

A Polaris já declarou que pretende estabelecer uma diferença de 10% (eu acredito que alguns modelos possa ser de 15%) entre seu catálogo e o modelo alvo HD, o dólar terá a mesma influência na formação de preço que terá na formação de preço da HDMC (as Indians serão montadas em Manaus, tal e qual as motos HD) e a marca já entra no mercado com uma alta expectativa por parte do consumidor.

O fator negativo vai ser a fila de espera para conseguir comprar a moto.

Pelo que se ouve atualmente, a HDMC Brasil pretende trazer pelo menos uma novidade para o catálogo (o modelo mais falado é a Softail Slim), mudanças na família Sportster (tal e qual nos EUA) e mudanças na família Softail com a adoção do TC103B High Output e eletrônica atualizada (também seguindo o mercado americano).

Esses serão os argumentos para convencer o consumidor a se manter dentro do universo HD.

Minha conclusão: a situação muda muito pouco para quem quer comprar uma HD com motor TC103 ou uma Sportster com as suspensões novas. Esses modelos serão novidades para competir com a Indian e não vão ter colher de chá. Já para as HDs com motor TC96 e Sportsters com as suspensões já conhecidas, acredito que teremos descontos e diferenças de tabela para animar o consumidor a comprá-las.

Se o alvo é uma Touring, eu acredito que a hora é essa: os modelos não tem mudança sensível e vão enfrentar a competição com as Roadmasters apenas no ano que vem (ainda sem data para início de produção, mas não acredito que apareçam antes de janeiro). Em termos de tabela, como não terão diferenças pelo ano de fabricação, nada impede que modelos nos salões sejam reajustados automaticamente, e comprar agora pode representar uma economia no valor da compra de uma moto que não traz modificação. Não espero descontos para esses modelos até 2016.

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