A viagem do Rio a Florianópolis tem várias opções. A nossa escolha foi a mais direta.
Eu e o Marinho saímos do Rio na quarta para pernoitar em São Paulo: Dutra até Taubaté e de lá pelo complexo da SP-070 (Carvalho Pinto/Ayrton Senna). Estradas conhecidas, ambas pedagiadas, assim como seus problemas: o grande volume de tráfego até Queimados, os caminhões até Barra Mansa e o vento lateral na passgem por Garulhos na Ayrton Senna. A rigor a melhor parte do percurso é a Dutra entre Resende e Guaratinguetá, Esta etapa foi vencida em seis horas e meia, com paradas em Itatiaia (Graal na Dutra) e em São José dos Campos (Frango Assado na Carvalho Pinto). Nosso pernoite foi no Ibis Morumbi para facilitar a saída no dia seguinte e por conta disso atravessamos toda a extensão das Marginais Tietê e Pinheiros. Uma sugestão para quem entra em São Paulo: evite os horários de rush, entramos em São Paulo às 15h15 e em apenas 30 minutos atravessamos as duas marginais.
Na quinta nos agrupamos com o Celestino e Marcela em uma Electra Glide 2002 (centenária e com mais de 150.000 kms rodados) e partimos para o encontro com Chacon e Solange em uma Electra Glide 2004, Willy com uma Electra Glide 2009 e Rafael com sua Vulcan. Formamos um grupo onde a Fat era a HD menor. O trajeto escolhido foi via Rastro da Serpente: Rodovia Castelo Branco, uma passagem rápida pela Rodovia Raposo Tavares e Rodovias José Ermírio de Moraes/Rodovia Sebastião Camargo Penteado a fim de acessar a BR-476 (Sorocaba/Itapeva/Capão Bonito/Apiaí/Adrianópolis/Tunas/Colombo/Curitiba). Um trajeto com cerca de 500 kms que levou quase doze horas para ser percorrido, parte pelo mau estado da estrada a partir de Capão Bonito até Adrianópolis e parte por conta de um problema ocorrido com a Electra centenária: a haste que transmite os movimentos do pedal/contrapedal de câmbio desgastou as estrias impossibilitando a troca de marchas. Com paciência, arame e Superbonder a Electra conseguiu chegar em Curitiba, onde pernoitou até segunda feira quando foi levada para a oficina da The One.
O Rastro da Serpente é uma bela estrada, mas o lado paulista não vai resistir a mais um período de chuvas. Muito esburacado, com várias curvas sem asfalto e algumas curvas em meia pista de barro, a condição piora a cada ano (fiz essa mesma estrada em junho de 2011) e não vi grande esforço em reparar os problemas existentes e muito menos terminar as obras que foram começadas. Além do mau estado da estrada, as condições climáticas também ajudaram a baixar a velocidade: pegamos chuva/neblina/chuva entre Capão e Apiaí: uma hora para percorrer trinta quilometros. Vai ficar muito arriscado tentar passar de moto se a conservação seguir o modelo atual.
Nosso grupo ficou desfeito em Curitiba: Celestino e Marcela alugaram um carro para seguir até Floripa, Chacon e Solange pretendiam fazer a Serra do Rio do Rastro (e fizeram com direito a pneu furado e tombo quase parados), Willy e Rafael seguiram acompanhando um amigo que viajava de carro e a viagem seguiu em dupla até a volta ao Rio.
Sexta pela manhã seguimos para Florianópolis: BR-376 até Joinville e BR-101 até Florianópolis. O menor trecho da viagem com cerca de 400 kms, saímos tarde (9h00) e pegamos muita chuva na descida da BR-376 no trecho da Serra do Mar, pouco antes de Joinville e um pouco depois antes de acessar a BR-101. 13h15 estávamos em Canasvieiras fazendo o check in e aguardando nossas esposas que vinham de avião. A BR-101 no litoral catarinense é pouco protegida e o vento lateral é uma constante, assim como o excesso de velocidade. Mais de uma vez fomos obrigados a forçar o ritmo para evitar ser empurrados por carros e caminhões em velocidade bem acima do permitido. Santa Catarina padece de fiscalização, tanto de excesso de velocidade quanto de embriaguez. Apesar do trecho ser bem fácil, é bastante tenso ter de ficar vigiando os kamikazes do volante.
A volta foi na segunda pela manhã e seguimos por boa parte do caminho de ida. A subida para Curitiba foi o caminho inverso, dessa vez com muita chuva na BR-101 e sol na BR-376 fazendo com a que subida da Serra do Mar fosse um prazer ao contrário da descida tensa da sexta feira, feita com chuva e com muitos caminhões em volta. Trecho feito em tempo ligeiramente menor, permitindo almoço e check in bem cedo.
Na terça a idéia inicial era pegar a Régis, Rodoanel, Marginais SP-070 para pernoite em Taubaté. Abastecendo as motos em Curitiba, o frentista alertou o Marinho sobre um vazamento forte de óleo em cima da primária. Uma inspeção visual mostrou que o óleo pingava do filtro de ar e com a pressão do óleo caindo, decidimos ir até a The One para verificar o problema, afinal a moto está em garantia.
Bem recebidos na The One e com atendimento muito atencioso por parte do Índio e dos mecânicos, foi identificado a perda de um litro de óleo e o vazamento provavelmente pelas válvulas que estão no suspiro do coletor do filtro de ar. Fica, não fica para serviço em garantia, a falta de todas as peças e uma garantia que a moto chegaria até São Paulo da parte do mecânico que fez a limpeza e completou o óleo nos fizeram tomar o caminho de São Paulo. A Régis Bittencourt (BR-116) é uma estrada bonita e que ainda não tinha feito. A realidade é que a fama que a precede é um pouco exagerada, ou demos muita sorte.
Com um piso regular para bom, a Serra do Azeite completamente duplicada e a Serra do Cafezal com a subida praticamente toda duplicada (a descida é feita em apenas uma pista), a estrada permite um bom ritmo e chegamos no Rodoanel em cerca de seis horas.
O Rodoanel Mario Covas merece uma consideração: quatro faixas, com duas dedicadas preferencialmente aos caminhões (as duas mais a direita) e duas dedicadas exclusivamente a carros e motos (as duas mais a esquerda). Tudo ótimo, sem pedágio ao contrário das BRs, mas a realidade contraria a teoria: em vários momentos estava entre dois caminhões. Era muito recorrente a presença de caminhões na faixa mais a esquerda que tem tráfego de caminhões proibido. Foram alguns sustos até começar a vigiar quando ia aparecer mais um caminhão onde era proibido. A fiscalização, dever da PM paulista, é fraca e o Rodoanel merece cuidado para trafegar durante a semana.
Do mesmo modo, a proibição de tráfego de motos na pista expressa da Marginal Tietê merece pois as placas indicam seguidamente o caminho pela via expressa e as motos não podem seguir por lá, obrigando a manter atenção redobrada para não errar o caminho (eu errei em uma das pontes e fui obrigado a fazer o retorno na Rodovia dos Bandeirantes, que parece ser normal já que o retorno é logo no ínicio da Rodovia).
Com os atrasos por conta da "visita" a The One, evitamos a SP-070 e seguimos pela Dutra chegando em Taubaté em duas horas para pernoite.
Na quarta, trecho pequeno novamente (cerca de 350 kms) feitos em quatro horas e meia pela Dutra, sem novidades.
No geral, as rodovias pedagiadas estão em boas condições de uso, com fiscalização fraca (quase inexistente) enquanto as rodovias sob a tutela federal ou estadual encontram-se em franca decadência. Considero que São Paulo, nas suas rodovias sob concessão, tem a melhor malha viária do país.
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