terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

voltando à mistura E-27 da gasolina de baixa octanagem

Assunto recorrente durante o fim de semana, o aumento do teto da adição de álcool à gasolina tem causado bastante confusão já que todos se referem à qualidade do combustível.

Wilson Roque, hoje em seu blog, já adiantou que a nova mistura vai penalizar o consumo em mais 4% (http://wilsonroque.blogspot.com.br/2015/02/gasolina-com-mais-alcool-vai-render-ate.html), além de aumentar o desgaste das peças nos carros não flex.

Some a isso os colegas que insistem em não ver o problema de adicionar mais 386 ml aos já 4,5 l de álcool que ficam no tanque das Softails (18 l) cada vez que você enche o tanque, e muita gente enche e demora para esvaziar novamente, aumentando ainda mais a presença do agente corrosivo junto às peças de admissão de combustível (mangueiras, filtro, regulador de pressão e bomba de combustível), dizendo que é besteira se preocupar com isso, apesar dos alertas feitos pelos fabricantes de veículos automotores.

O combustível recomendado para as HDs é sempre motivo de discussão, mas no momento a recomendação do uso de combustível de alta octanagem nada tem a ver com o combustível ideal para uso nas HDs, mas sim com o combustível mais indicado em virtude da nova mistura.

Os motores de baixa compressão das HDs (Twin Cam e Evolution) rodam muito bem com as gasolinas de baixa octanagem, e para quem não sabe a octanagem mede a capacidade de não explosão da mistura conforme é comprimida, portanto quanto maior a compressão do motor, maior a necessidade de um combustível de alta octanagem para impedir a pré-detonação pela compressão, permitindo que a queima se inicie pelo centelhamento e não pela compressão do cilindro.

Usar um combustível de alta octanagem não traz prejuízo aos motores HDs, apenas custa mais caro para o proprietário, por isso sempre alternei o uso de combustível de alta octanagem (Pódium) com o combustível de baixa octanagem (comum) para ter um motor mais limpo com custo médio mais baixo.

Atualmente, o uso da gasolina de alta octanagem passará a ser imperativo para aumentar a durabilidade dos componentes da admissão de combustível e não para melhorar queima, performance ou rendimento.

A mistura E-25 (adição de 25% de álcool) já é prejudicial a esses componentes (pesquisas mostram que a durabilidade não sofre prejuízo usando a mistura E-10 ou inferior), e usar uma mistura maior só agrava o prejuízo.

Portanto, a recomendação pelo uso de combustível de alta octanagem feita pelos fabricantes é apenas um paliativo para evitar uma degradação ainda maior dos componentes, mas se você não seguir essa recomendação o máximo que pode acontecer é parar na estrada com um vazamento interno das mangueiras ou um problema na bomba de combustível porque a sua HD vai rodar como sempre rodou, vai gastar mais um pouco (4%) e provavelmente você vai ver o tanque esvaziar um pouco mais rápido. Nada além disso.

Economicamente falando, ainda será mais barato rodar com gasolina comum, mesmo consumindo mais, porque a diferença de preço entre as gasolinas de alta octanagem e baixa octanagem é superior a 10% (quase 20% no preço da Pódium). O preço a ser pago será na manutenção do sistema de admissão e queima do combustível.

9 comentários:

Bayer // Old Dog disse...

Excelente Wolfmann, estou linkando para seus posts agora mesmo. Isso é um assalto à mão desarmada...

Sérgio Bastos disse...

Existe um outro problema em relação ao etanol na gasolina, ele empobrece a mistura ar/combustível. Misturas mais pobres queimam com temperaturas maiores, este é um dos motivos dos motores das Harleys esquentarem tanto. Temperaturas maiores na câmara de combustão propiciam o aparecimento do fenômeno da detonação, mesmo a taxa de compressão não sendo tão alta. Por isso, neste caso a gasolina de alta octanagem pode ajudar. Além disso, gasolinas de alta octanagem exigem um tempo de queima maior, o que também é uma característica da mistura pobre. Em suma, com mais etanol na gasolina, as Harleys devem esquentar ainda mais...

Unknown disse...

Olá! Recentemente comprei minha primeira HD! Ainda não tirei o sorriso da cara!

E essa conversa de combustível tá me deixando preocupado. Enfim, trabalhei em um posto de gasolina por um tempo (uns 10 anos), depois me formei em engenharia e estou aí pelo mundo...

Durante esse período do posto realizávamos um procedimento para testar e garantir qual era o percentual de álcool presente na gasolina.

Muito simples, você colocava em uma proveta (recipiente de volume conhecido e nesse caso com a graduação e escala em ml) 50ml de gasolina e 50ml de água. O resultado é que a água se misturava com o álcool e se separava da gasolina e no recipiente, através da escala, você conseguiria ver que, na época do combustível E-25, ficavam duas fases, uma com 62,5ml de mistura água/álcool e outra com 38,5ml de gasolina.
Jamais tive coragem de colocar em um motor a combustão a gasolina residual deste teste. E também após algumas leituras aqui e ali, vi que a octanagem equivalente da mistura E-25 era maior do que a da gasolina que restou da separação.

Porém, com essas mudanças, para E27 e com a falta de uma revenda com gasolina Podium aqui onde moro, já me pergunto se alguém por aí já não tentou separar o álcool da gasolina, adicionar um octane booster a gasolina e meter no motor pra queimar e ver o estrago (ou sucesso)... o que vocês acham?

Alguém topa?

wolfmann disse...

Ricardo, eu trabalho com revenda de combustíveis e sempre que existe contaminação ou mistura de produto, a distribuidora esvazia o tanque, leva para a base e faz exatamente esse processo: adiciona água e decanta a gasolina ou diesel, dando crédito no valor dos litros de gasolina ou diesel que restaram.

O álcool presente nessa mistura é perdido.

É possível de ser feito, mas a gasolina que resta perde propriedade de queima pela não presença de álcool, além de ser um processo que necessita precisão na separação dos produtos sob pena de você adicionar não só álcool, mas água também. Em tese a gasolina que resta nesse processo é a base usada em todas as misturas: a Gasolina tipo C fabricada pela Petrobrás em suas refinarias, que tem octanagem inferior a 80 octanas, bem abaixo da octanagem da gasolina regular que é recomendada no manual da HD nos EUA.

Que aditivo usar e em que proporção é determinado pela distribuidora e nunca li nada sobre o assunto que tivesse divulgação sem restrição das empresas.

Se algum químico tiver como garantir esse procedimento, manifeste-se.

FB disse...

To gostando do nível da discussao

Unknown disse...

Amigo, dá uma ajuda ai. Quer dizer que se eu quero mesmo, preservar o motor e os componentes da minha Moto, é melhor começar a usar a Podium mesmo???Tenho uma Vulcan VN 900 com 10000 Km, que nunca viu Gasolina comum. Semore usei a aditivada. E agora???

wolfmann disse...

É isso. A gasolina aditivada já está sendo vendida com a nova mistura de 27% de álcool desde 16/03.

Infelizmente para usar um combustível menos agressivo vai precisar gastar mais e usar Premium ou Pódium.

Unknown disse...

Ricardo já vi alguns motociclistas fazer essa separação, no YouTube existe vídeos mostrando o processo é como montar um separador! Bacana, então montei um e já fiz o teste, e coloquei o resultado meio a meio e tenho sido bastante feliz, até então, e ficou bastante barato montar, faz o teste.

Sérgio Bastos disse...

Este processo de separação também ocorre no tanque de gasolina: quando a umidade do ar condensa no tanque, o álcool se mistura com ela e separa da gasolina. Sendo mais densa vai para o fundo do tanque agravando o processo de corrosão. Este é mais um dos problemas do álcool na gasolina...