domingo, 27 de janeiro de 2013

Sua bateria vai bem?

A minha não vai. Depois de três anos de serviço, a segunda bateria da Fat começa a dar problemas e para evitar pequenos aborrecimentos como o de ontem na volta de Juiz de Fora, quando a bateria da Electra do Melodia abriu o bico e a moto parou logo após o pedágio de Xerem, é sempre bom ficar atento.

Hoje em dia as motocicletas vem trazendo cada vez mais recursos e isso tem um preço: um bom sistema elétrico.

Como veiculo automotor, a motocicleta deve conseguir suprir as necessidades mínimas para manter-se em movimento e além de combustível para queimar e lubrificantes para evitar desgastes pelo atrito das peças, as motocicletas precisam de energia para abrir centelha nas velas e queimar a mistura.

Dentro dessa necessidade básica de eletricidade, outras foram sendo agregadas: partida elétrica, faróis, luzes de sinalização e com a adoção de injeção eletrônica energia para manter ECU e movimentar a bomba de combustível, além dos sensores diversos incluindo o ABS.

Já viu que sem um sistema elétrico eficiente, não vai rodar. E quanto mais você agrega, mais exige desse sistema elétrico. Uma das minhas suspeitas para a queima de reguladores de voltagens, que vem sendo relatada nas motos mais novas, é a adoção da linha de comunicação em seis vias ao invés do sistema antigo de quatro vias para uma resposta mais rápida da ECU aos inputs dos sensores sem o devido reforço no sistema elétrico.

O sistema elétrico precisa de um gerador de energia, o estator, e um regulador de voltagem para garantir que a corrente gerada não ultrapasse o máximo que os componentes aguentam. Além disso é preciso uma acumulador de energia, a bateria, para manter tudo funcionando enquanto a moto está parada.

O estator usa o giro do motor para gerar energia, por isso se recomenda ligar a moto para carregar a bateria se você não a usa rotineiramente. A alternativa é colocar a bateria ligada a um carregador que vai mantê-la carregada enquanto a moto não é usada.  A HDMC vende, como acessório original, um carregador estático que mantém a carga necessária, recarregando sempre que atinge um nível mínimo de forma automática, necessidade para encarar os invernos do hemisfério norte.

A bateria, como uma pilha recarregável, tem vida útil. Conforme atinge sua capacidade de ser recarregada passa a não acumular a energia suficiente para as necessidades da moto. Chegou nesse ponto deve ser trocada.

Se a bateria não carrega e ainda não atingiu o fim da sua vida útil, você tem um problema. O estator pode não estar gerando energia suficiente, o regulador pode não estar conseguindo desviar o excesso de energia gerada para carregar a bateria ou algum elemento está roubando corrente impossibilitando a carga da bateria. Acontecendo isso, sua bateria vai se manter abaixo da carga mínima e vai encurtar a vida útil.

As baterias atuais são livres de manutenção, ou seja, você não precisa ficar verificando nível da solução ácida e completar eventualmente como era antigamente. Sendo assim, você usa a bateria até o final e troca.

Problema começa em saber quando trocar a bateria para não ficar na mão. A forma correta é verificar a carga com um voltímetro: desligada deve estar acima de 13,5v e com motor ligado deve oscilar entre 14 e 15v. Nas Electras é fácil: tem um voltímetro no painel, mas os demais modelos não tem isso. Medir é coisa que precisa acesso à bateria e nem sempre é fácil.

E aí? Bem, recomendo você prestar atenção à sua moto. Como a gente sempre diz que moto que anda é moto que não dá problema, boa parte disso se deve a você prestar atenção ao uso.

No caso da bateria, o momento da partida é o principal indicador da saúde dela. HD tem um motor que parte consumindo muita energia por ser um motor pesado e uma bateria em bom estado permite que a partida seja sempre instantânea. Custou a pegar, a bateria começa a perder capacidade.

Perder a capacidade na partida não condena a bateria, mas quando as luzes se apagam mostrando que o fluxo de energia está sendo canalizado para o arranque já é um indício mais forte que você deve começar a ficar atento.

Quando a ECU começar a economizar energia na manutenção de dados no visor do odômetro (típico é o odômetro parcial zerar ou o indicador da autonomia deixar de aparecer) é fim de vida útil.  A bateria ainda vai continuar funcionando, mas cada vez mais você corre o risco de ficar a pé.

A minha Fat já chegou nesse estágio: partida arrastada, iluminação desligada na partida (meu faro só acende depois de algum tempo... venho saindo apenas com a lanterna acesa) e o odômetro parcial zerou (tanto o A quanto o B). Como vou marcar para fazer a revisão, já vou providenciar a troca da bateria, mas ainda vou usando a moto até lá pois a bateria ainda tem capacidade para dar partida e a ECU é programada para gerenciar da melhor maneira a carga do sistema elétrico.

Só recomendo não se acostumar com esse funcionamento anormal e insistir no uso da moto com uma bateria em final de carreira porque a bateria quando encerra carreira não dá segunda chance: pára mesmo.

3 comentários:

Roque disse...

Interessante a diferença na vida útil das baterias instaladas nas H-Ds. Minha Ultra Glide foi adquirida em Agosto de 2007 e continua com a bateria original, com aparência de nova, em todos os aspectos.
Já a minha 883R, comprada em Julho de 2009, já teve a bateria original trocada, ano passado.

wolfmann disse...

Tudo vai do uso e da conservação. Minhas baterias ficam nos três anos de uso, mas nunca levei até o final, portanto não dá para saber quando seria o final da vida útil.

Outra coisa é a marcha lenta. Eu mantenho a marcha lenta da minha moto no limite mínimo permitido pela programação do SERT e isso influencia bastante no transito urbano, onde a bateria precisa suprir a falta de energia pelo giro baixo no estator e essa é uma situação bastante rotineira no meu uso da moto.

Mas a bateria da sua Ultra está com uma longevidade invejável.

Unknown disse...

Belo post.
Fiquei na mão por causa da bateria da minha 883R ontem a noite.
Apagou geral. Estava com dificuldade na partida e apagava o painel também.
Se tivesse lido esse post antes, já teria providenciado a troca, antes de ficar na rua.
Abs