segunda-feira, 22 de setembro de 2008

o assunto é pneu

Pneu na motocicleta é questão que pode ser ou não crucial. Não precisamos nem lembrar que motocicleta não tem estepe. Nem tampouco lembrar que os aros raiados precisam de câmara de ar, por mais que o pneu seja sem câmara.

Esses são pequenos problemas que todos tem em mente e já existem alguns paliativos.

Para o aro raiado, já existem aros construídos de forma que a amarração dos raios deixa de ser dentro do aro e passa a ser por cima do aro. É um aro caro e você vai ficar muito aborrecido se tiver qualquer tipo de acidente com o aro. A melhor solução é a adoção do aro de liga leve que dispense a câmara de ar.

Uma vez dispensada a câmara de ar, a condução fica mais segura e os consertos podem ser feitos mais rapidamente, algumas vezes até sem retirar a roda da motocicleta. Um seguro contra o furo no pneu sem câmara é a adoção da vacina de pneu, artefato criado para criar uma maior vedação e proteção contra furos no pneu.

A vacina tem contra si o problema de alterar a geometria da roda, devendo ser balanceada após a apliação da vacina. Em caso de furo, os consertos sem retirar o aro da motocicleta se tornam inviáveis e muitas vezes podem ser contraproducentes porque para afetar um pneu vacinado, o acidente deve ser grave, chegando mesmo a rasgar o pneu e, nesse caso, o recomendável é trocar o pneu.

Os pneus devem ser calibrados frios e isso é uma dificuldade a mais, mas pode ser minimizada se ao chegar no posto de gasolina, você abastecer, esperar cinco minutos e depois calibrar os pneus. A manutenção da calibragem ajuda a economizar combustível e melhora bastante a pilotagem. Alterando a carga (em viagens com garupa e bagagem), a calibragem deve ser alterada.

Pneus com marcas diferentes: um colega de SP me perguntou sobre a melhor hora de trocar os pneus, marca de pneus, medidas e o mais interessante: se devia manter a mesma marca para os pneus traseiro e dianteiro.

Se fosse um carro eu diria que o melhor é manter a mesma marca para todos os pneus. Se não der, usar marcas iguais nos pneus dianteiros (direito e esquerdo) e marcas iguais nos traseiros (direito e esquerdo) procurando igualar todos o mais breve possível.

Nas motos o ideal é manter a mesma marca para os dois pneus, mas nada impede o uso de pneus de marcas diferentes. Na Fat os pneus são Dunlop série HD, mas na FX o dianteiro é Metzeler e o traseiro Dunlop série HD (ainda é o original) e não tem tido nenhum problema com isso.

No carro a necessidade da mesma marca se dá pelo problema da aquaplanagem (o efeito diminui com a adoção do mesmo desenho nas rodas dianteiras e traseiras), mas na moto as necessidades são diversas: a roda dianteira não tem a função de abrir caminho na água. A roda dianteira tem a função de fazer a curva, isto é, comandar a entrada da moto dentro da curva e manter a dirigibilidade na reta. Já a roda traseira tem a função primordial de tracionar a moto, acompanhando a dianteira.

Funções diferentes permitem desenhos de banda diferentes e por isso a possibilidade de manter marcas diferentes nas rodas.

Não custa lembrar que o ideal é sempre manter a mesma marca. Um pneu bem cuidado é ótimo para a moto, mantenha a calibragem, verificando pelo menos antes de cada viagem, e substitua sempre que notar desgaste irregular. O desgaste irregular demonstra que algo vai mal no equilíbrio da sua moto: verifique o alinhamento e existência de regulagem errada na suspensão.

Pneu 200 aumenta a chance de aquaplanagem? Lembrei de vários colegas que andavam de Fat com aro 16 polegadas e trocaram pelas novas Fat com aro 17 polegadas. A mudança do aro trouxe o aumento da banda de rodagem e as novas Fat Boy usam o pneu 200 mm que já equipava as Night Train e as FX.

Essa mudança trouxe novidades para a ciclistica da moto e muita gente disse que a moto passou a aquaplanar com mais facilidade. Como já disse, andei com um Fat 08 e posso comprovar que a moto escorrega bastante em relação à minha Fat. Mas não se pode considerar isso um defeito, afinal as HD não tem defeitos, tem características.

Ainda assim, na chuva não custa nada ter mais atenção à trilha que os pneus deixam na pista molhada para evitar sustos em você e na sua garupa.

Se na chuva a Fat nova dá alguns sustos, principalmente para quem teve a antiga, no seco ela é muito mais estável que a Fat antiga, ainda mais se você enfrenta vento lateral. Isso se dá pela roda totalmente fechada de aro 16, que passa a ter furos no aro 17 e dá maior estabilidade à Fat.

Nas Night Train e FX nunca vi ninguém reclamar do pneu 200, mas elas tem uma ciclistica bem distinta da Fat Boy, o angulo de cáster da suspensão dianteira deixa as motos com uma dirigibilidade bem diferente. Na minha FX eu troquei o pneu dianteiro de 90 mm para o pneu de 120 mm e melhorou muito a dirigibilidade da criança. É uma mudança a ser feita quando o pneu dianteiro acaba: não há necessidade de troca de aro (embora eu tenha trocado o aro da minha para usar o pneu sem câmara, coisa que a roda raiada não permite) e você já ia ter mesmo de gastar para comprar um pneu novo. Vale a pena experimentar.

Tala e talão de um pneu: tala de um pneu é a área de borracha que vai encostar no chão, quanto maior a tala, maior a superfície. Nas choppers de roda traseira larga, a tala dos pneus chega a 300. Existe uma relação ótima para o veículo e a tala das rodas... uma roda muito fina atrapalha as curvas e, do mesmo modo, uma tala muito larga também. As curvas são feitas usando o "ombro" do pneu e nem pneu muito fino esse "ombro" não existe e em um pneu muito largo fica difícil chegar no "ombro" do pneu. O talão é a altura do pneu entre o aro e o chão. Um talão muito baixo traz problemas para ultrapassar buracos e um talão muito alto acaba atrapalhando a absorção de imperfeições do piso pela suspensão. Pense bem antes de alterar essas medidas.

6 comentários:

Anônimo disse...

Wolf
o pneu da minha fat 200/55/17 é um comander II Michelan depois de dois anos rodando percebi um desgaste muito acentuado lado direito para quem olha pro pneu o que pode ser:

alinhamento ou baixa calibragem ??

Ronaldo Ramires - Maringá Pr.

wolfmann disse...

Não acredito que seja baixa calibragem, alinhamento é uma possibilidade, mas eu acredito que seja mesmo o modo de pilotar.

Se fosse baixa calibragem, o pneu estaria quadrado e não gasto.

Já li alguns relatos de pneu gastando mais de um lado que de outro e normalmente é causado pela facilidade que cada um tem em fazer curva para um lado, o que leva a uma inclinação diferente e um desgaste diferente.

Você sente a moto diferente? Já pode experimentar uma outra Fat para comparar com a sua? A melhor coisa é andar em outra moto para ter ideia se existe realmente algum problema na sua moto porque é normal que o piloto, com o tempo de uso, acabe compensando essas diferenças de alinhamento. sem perceber.

luc savi disse...

Grande mestre Wolfmann, meus pneus na Fat Bob ainda estão novos e são os originais Dunlop, com 6800 kms rodados. Estou pensando em troca-los por Michelin, Commander ou Scorcher 32 (estes acho mais bonitos por preservarem o desenho 'original' dos Dunlop, com seus biscoitos aparentes). Minha dúvida é se, desses 2 modelos da Michelin, qual me daria maior aderência/performance, sobretudo em curvas? Forte abraço!

wolfmann disse...

Luciano, pesquise bem porque acho que os Commanders estão em falta.

Já os Scorchers são usados como originais nas Dynas e nas Sportsters no lugar dos Dunlop e devem ser a sua opção se quiser calçar a moto com pneus Michelin.

O que posso te dizer é que gostei muito dos Commanders quando usei-os na Fat Boy: melhor aderência que os Dunlop e maior durabilidade que os Metzeler.

Você ainda tem bastante pneus para usar pela sua quilometragem, pode pesquisar com calma.

Só não esqueça que em caso de troca de marca o ideal é trocar dianteiro e traseiro juntos.

abraço

luc savi disse...

Salve, grande Lobo. Demoro um piuco pra comentar, mas sempre estou por aqui, desde o início de 2016, quando comprei minha primeira HD, e vc ajudou muito. 4 Harleys depois - e espero ficar nessa configuração, 1 Ultra pra longas viagens, uma Softail Slim pras curtas, ambas M8 - me surgiu uma dúvida de ordem prática: troca de pneus na Ultra, mudo o par, como sempre fiz nas outras HDs, ou a cada 2 traseiros troco um dianteiro? Pergunto pq estou usando o Cruisetec Metzeler, que é bicomposto, e o traseiro tá quase no TWI, só que raspo pedaleira, peguei chuva, serra, e não "quadradou" ainda, longe disso. Aliás, ciclística fantástica, não fica devendo nada aos Michelin, pro meu tipo de tocada. E o dianteiro está com sulco no centro da banda de rodagem de 4,5mm. Ambos estão com 15.000km. Se mudar apenas o traseiro, esse dianteiro não estaria acabado antes dos 30.000km, ou é normal suportar essa quilometragem toda? Forte abraço, meu velho, e obrigado por partilhar seu conhecimento!

wolfmann disse...

Nesse tempo de Harley só troquei pneus na Fat Boy, as outras foram vendidas com menos de 15.000 kms e a Low Rider S está chegando nos 5.000 kms agora.

Na Fat Boy sempre fiz duas trocas de pneu traseiro para cada troca de pneu dianteiro: a trocas de pneu traseiro aconteceram aos 23.000kms (Dunlop por Dunlop), 43.000 kms (Dunlop por Metzeler), 55.000 kms (Dunlop por Michelin) e as trocas do dianteiro foram as 43.000 kms (Dunlop por Metzeler) e aos 55.000 Kms (Metzeler por Michelin).

Aos 55.000 kms meu Metzeler traseiro acabou sem muito aviso, simplesmente apareceu o TWI antes do esperado (pelo menos 5.000 kms antes do que esperava) e como não estava satisfeito com aquele pneu (um ME 880) decidi pela troca do par, mesmo com o pneu dianteiro com meia vida.

Vendi a moto aos 82.000 kms com os pneus Michelin ainda longe do TWI: o traseiro tinha ultrapassado a meia vida e o dianteiro ainda estava bem longe da meia vida.

Portanto, fazer duas trocas de pneu traseiro a cada troca de pneu dianteiro não é incomum e nem causa problema.

O TWI aparece quando o sulco tem 1 mm ou menos, o pneu novo tem, salvo engano, 7 a 8 mm de sulco. Esse seu pneu dianteiro está na meia vida e nada indica que o desgaste aconteça quando o novo pneu traseiro estiver também no TWI.

Se fosse na minha moto, ia tocando com o pneu dianteiro com meia vida e trocava o pneu traseiro mantendo a mesma marca e modelo do dianteiro para manter o par.

Mas se você quer mesmo uma "moto nova", troque o par: quando troquei o par Dunlop pelo par Metzeler a moto ficou totalmente diferente da situação Dunlop meia vida na dianteira e Dunlop novo na traseira, e isso se repetiu quando troquei o par Metzeler pelo par Michelin.

Cada um sabe onde o calo aperta, mas fica a experiência da Fat Boy.