O pós-venda da HDMC se mostra um problema mundial e isso com certeza irá cobrar seu preço.
Mas antes disso acontecer o mito "Easy Rider - HD" vai ter de desaparecer e por isso a fábrica insiste tanto no life-style, onde a crise de meia-idade se resolve com o uso da chancela bar&shield nas costas durante o fim de semana.
Nada contra os colegas que sempre sonharam em ter sua HD brilhante na garagem, afinal o que distingue homens de crianças é o tamanho dos seus brinquedos. Sem falar que cada um sabe muito bem onde deve gastar seu tempo e dinheiro.
Esses colegas normalmente chegam a uma encruzilhada depois de algum tempo: ou usam a moto como um hobby ou usam a marca como status. Os que decidem usar a moto como hobby acabam se interessando por manter sua moto em uso, aprendem como pilotar melhor, se animam a "aventuras" maiores que sair no fim de semana para um encontro no dealer ou um point de "motociclistas". É a evolução que vi ao longo desses anos dentro do universo da HD.
O efeito colateral dessa evolução é a decepção com o tratamento dispensado pela fábrica a quem fideliza a moto e não a marca. A necessidade de manter a moto rodando vai mostrando as dificuldades em conseguir quem entenda de mecânica (e muitos acabam metendo a mão na graxa), em conseguir peças de reposição e o custo das peças quando comparado com o mercado americano (o que leva a outra frustração quando fica sabendo da política da fábrica em proibir as vendas worldwide).
A minha identificação com a minha moto muitas vezes é confundida com a identificação com a marca. Apesar dos vários bar&shields em casacos e camisetas que uso, não tenho compromisso com a marca e discordo fundamentalmente da política de fidelizar a marca através do life style.
Entendo que o life style é uma parte importante na fidelização à marca, o HOG é a maior prova disso, sem falar nos cafés da manhã tradicionais onde os calouros olham a multidão usando roupa e acessórios da marca, sem falar na enorme quantidade de acessórios presentes nas motos paradas na frente da loja, mas a moto é o que proporciona toda essa movimentação em torno da marca e deixar a moto em segundo plano sem maiores preocupações em melhorar o pós-venda é apostar na obsolescência programada, onde a moto será trocada conforme o vencimento da garantia, como já é política de outras fábricas.
O projeto HD é atemporal, mas fica difícil vencer a ação do tempo sem peças para repor ou modificando detalhes que invalidam todo um sistema elétrico.
Vender HD no Brasil nunca foi problema: o comprador já entra convencido de que vai comprar o que couber no bolso. Manter rodando é o problema.
Quando a fábrica entender que a valorização do cliente que é fiel à sua moto vai fazer com que esse cliente se mantenha fiel à marca, pode até ver um incremento nas vendas do life style porque a grande reação ao descaso é exatamente se afastar da marca, mantendo a moto rodando de forma independente da fábrica.
Se a tendência atual se mantiver, acho cada vez mais difícil que a minha Fat possa ser substituída por outra HD porque se for para pagar os preços de autorizada vou procurar um pós-venda que me atenda melhor.
Para quem quiser ler o artigo da Ride Apart: http://rideapart.com/2013/06/why-this-harley-will-be-my-last/ e quem quiser ler a repercussão do artigo no Fórum Harley : http://www.forumharley.com.br/index.php?topic=2440.0