sexta-feira, 23 de abril de 2021

aumento de custo nas peças e precarização na manutenção

A defasagem cambial vem trazendo um problema para manutenção das motocicletas e isso não está se restringindo apenas às HDs. Quase todas os modelos importados e/ou montados em Manaus vem sofrendo com a carestia de peças de baixo volume de vendas usados em manutenções que são mais espaçadas.

Tomando a manutenção das HDs como exemplo, a compra de kit para o Cam Service, troca de correias e pneus vem se tornando manutenções bem onerosas, mesmo quando não são feitas na oficina do dealer.

Eu tenho lido cada vez mais tópicos pedindo orientações para fazer "gambitechs" ou indicações de peças similares às peças originais de HDs, BMWs e Triumphs.

Nada contra substituir um kit de juntas originais por um kit de juntas aftermarket, desde que sejam destinadas ao modelo que está em manutenção, ou usar uma bomba de água de carro no lugar de uma bomba de água, desde que atenda às especificações de projeto da moto.

Eu mesmo usei um farol Sealed Beam de Opala na Fat Boy por muitos anos por ser uma solução muito mais em conta que comprar um novo globo ótico para ser usado na cabeça de touro que tinha colocado na moto (a solução definitiva acabou sendo um globo ótico comprado como sobra de reparo feito em outra moto).

Mas vem acontecendo reiteradamente a busca por pastilhas recondicionadas, lubrificantes fora de especificação de projeto, uso de pneus traseiros de outros modelos como dianteiro em moto de modelo diferente entre outras pesquisas, além de busca por soluções para eliminar erros no log de erros bypassando sensores ou jumpeando circuitos entre outras gambitechs que não vale a pena citar para não dar mais ideias.

E nem entro no mérito do uso de pneu de carro na traseira de muitas HDs de pneu largo.

Sempre disse que cada um sabe onde aperta o sapato, e quem está buscando essas soluções alternativas quer manter a moto rodando dentro do orçamento pessoal ou simplesmente quer gastar menos por "achar um roubo o preço das peças".

O problema que surge é quando a moto é revendida. Quem compra uma moto usada deve ser cauteloso e se precaver quanto a problemas que uma inspeção visual pode detectar, mas e quanto aos defeitos que estão escondidos como uma pastilha colada? Como avaliar se a manutenção foi feita e se foi feita de forma correta ou estamos comprando um saco de problemas?

O aumento do universo de proprietários de motos premium cobra o preço no mercado de usadas e mais do que nunca saber a procedência ter a assessoria de um bom mecânico vem sendo necessário na hora de comprar uma premium usada.

Nessa hora vai ser interessante comprar uma moto com certificado de origem como a HDMC vem começando a fazer nos EUA.

HDMC investe no mercado de usadas

Em novembro/2020 eu postei sobre a estratégia recomendada pela HDMC aos dealers em investir em estoque de HDs usadas para compensar a redução de faturamento com as quotas menores em 2021 (pode ver aqui).

De novembro/2020 até agora o mercado de usadas vem sendo alvo de demanda reprimida pela falta de motos zeros e vem subindo, ao contrário do que escrevia há cinco meses atrás.

Agora a HDMC criou o Certificated Pre Owned Bikes e entra com força no mercado de usadas nos EUA.

Segundo a Ride Apart, esse programa foi proposto aos dealers em março/2021 ( pode ler em inglês aqui) com a intenção de criar um diferencial no mercado de usadas.

Agora em abril/2021, (postado em 20/4/21 no site autoevolution.com e pode ler em inglês aqui) o programa foi implementado e permite que motocicletas com até 5 anos de uso e com no máximo 25.000 milhas - 40.000 kms, sem modificações no motor, parte elétrica ou quadro (ou seja, admitindo apenas personalização estética) possam ganhar o HD Pre Owned Certificate que permite usar os serviços de financiamento do HD Financial Services, um ano de garantia e um ano de anuidade HOG permitindo ao proprietário participar da "experiência HD" de forma completa.

Essa motocicleta não pode ter recalls pendentes e terá uma revisão completa antes de receber o certificado HD de qualidade ("110-point quality-assurance inspection”).

Segundo Jochen Zeitz, CEO da HDMC, essa iniciativa da HDMC vai permitir um up grade na confiabilidade das motocicletas usadas e permitir que mais pilotos possam participar da "experiência HD" que vem acoplada à compra da sua HD.

                “We believe this program will drive Harley-Davidson desirability and enhance the overall customer experience, allowing more riders to have access to our motorcycles and provide them with an added level of confidence in their purchase,” disse Jochen Zeitz, chairman, presidente and CEO, Harley-Davidson, em uma declaração à imprensa.

Traduzindo livremente: "Nós acreditamos que esse programa possa trazer à Harley-Davidson mais desejo e ampliar a experiencia do consumidor, permitindo que mais pilotos possam ter acesso às nossas motocicletas acrescentando um nível maior de confiabilidade na sua compra". 

Não sei se o programa vai ser implementado de forma mundial ou se limitar aos EUA e, talvez, alguns mercados de interesse da HDMC, mas podemos concluir que a HDMC continua alimentando a ideia da "experiência HD" em life style como forma de capitalizar o prestígio da marca à venda de seus produtos deixando-os exclusivos.

Com a certificação, a HDMC busca diferenciar o produto licenciado/certificado do restante do mercado de usadas, onde comprando um produto licenciado/certificado o consumidor terá a "certeza" de que estará comprando um produto, mesmo que personalizado pelo antigo proprietário, original e com manutenção segundo o manual de fábrica por um preço mais baixo do que o preço pago pela moto zero.

Fica claro que esse produto certificado terá um diferencial de preço em relação ao mercado de motos usadas pois leva a chancela da HDMC.

Com esse programa, atrelado aos produtos do Harley-Davidson Financial que vendo permitindo a opção de troca em outra motocicleta nova (o valor residual será abatido do valor da avaliação e servirá como entrada para próxima compra) no programa "Harley sempre nova", a HDMC busca um diferencial para o seu produto não só no mercado de motos zero, mas também no mercado de motos usadas.

É a "gourmetização" da "moto coxa". Resta saber quais os parâmetros para avaliar a moto que pode participar do programa de certificação: o dealer paga mais por uma moto que será certificada ou vai pagar o preço de repasse que costumam pagar na troca por uma zero?

E o mercado, como vai se comportar? Será que vai pagar mais por uma moto que foi certificada pela HDMC quando o segundo dono colocá-la à venda, ou será que isso não agregará valor?

Eu entendo que pode ser uma alternativa para quem quer uma moto com procedência e pode pagar um pouco mais pelo certificado, mas para quem vende a "moto coxa" não trará grande benefício porque não acredito que o dealer vai pagar mais para ter uma moto que pode ser certificada no estoque.

E ainda vai acabar com o "filé" que os vendedores gostam de oferecer para os clientes mais chegados porque a política de venda de motos usadas vai passar a ser tratada com mais atenção pela gerência do dealer.

Vamos ver se o mercado brasileiro vai ser alvo desse programa HDMC 

domingo, 4 de abril de 2021

Low Rider S: avaliando a primeira revisão e o "novo" pedal

Trouxe a moto para casa e já senti uma diferença grande: o freio traseiro passou a ser "usável" em qualquer condição.

Hoje sai com a moto para rodar dentro da cidade e pude fazer um trajeto maior.

A alteração do pedal tornou a pilotagem natural e o corredor mais fácil pois voltei a usar o freio traseiro de forma a facilitar o controle da moto.

A embreagem foi regulada e o neutro passou a entrar de maneira suave, sem maiores problemas, mas a folga do manete deixou o uso mais pesado, coisa fácil de ser resolvida.

Analisando a nota fiscal da revisão não dá para reclamar dos preços praticados pelos insumos, estando dentro dos valores praticados no after market.

A HDMC recomenda o uso do HD 360 20w50 (base mineral), vendido a granel, para o motor e manteve os lubrificantes da Motul para caixa (Motyl Gear 75w90) e primária (Motul Transoil 10w30).

Filtro de óleo original preto, jogo de juntas e o'rings completam os insumos usados na revisão.

Até agora nada a reclamar do pós-venda da Rio HD, sempre atenta aos serviços prestados tanto na revisão quanto na instalação de acessórios.

Low Rider S: primeira revisão

Fazendo uma média de uso apenas para lazer (400 kms/mês), a Low Rider S completou 1600 kms e foi para Rio HD para fazer a primeira revisão de manutenção programada (500 milhas) em 17/03 para serviço em 18/03.

Serviços a serem feitos na revisão incluem troca de óleo de motor, caixa e primária, troca de filtro de óleo, verificação de folgas e reabertos, verificação de lubrificação de caixa de direção, calibragem de pneus e lavagem. Além disso reclamei dificuldade no neutro e regulagem do pedal de freio traseiro.

Moto prometida para o mesmo dia (18/3).

Quando deixei a moto com o consultor aproveitei para conversar com o gerente de pós-venda, Roosevelt, sobre o problema em achar a melhor solução para usar o freio traseiro.

O comando avançado que foi instalado na Rio HD, única opção em católogo que é pintada em preto, é o comando original que equipa a FXDR/Fat Bob e tem um pedal de freio mais reto e baixo, obrigando a uma pisada menos confortável (que o Roosevelt classificou como inclinação negativa), principalmente nas manobras de corredor.


Comparando com o comando original da Sport Glide tem um pedal mais inclinado e alto (tem uma inclinação positiva), permitindo que seja usado sem forçar a ponta do pé para baixo como no comando que está na LRS.


A escolha entre os dois comandos foi pela pintura em preto do comando instalado ao invés do revestimento cromado do comando da Sport Glide.

Para resolver esse problema, o Roosevelt me pediu para ficar com a moto por mais tempo a fim de estudar uma melhor solução para o problema da inclinação do pedal. Dei carta branca para achar a melhor solução e pelo tempo necessário.

A moto ficou pronta no mesmo dia (18/3) e o Roosevelt pediu para passar na oficina no dia seguinte (19/3) para mostrar a solução que tinha encontrado.

Ele deu inclinação no pedal usando um torno para fixar a parte da fixação no pedal. Não houve uso de calor para moldar o metal (alumínio, segundo o Roosevelt), chegando a inclinação desejada a frio para evitar perda de resistência da peça.

Passei apenas no sábado (21/3) e no "ass test" já vi que tinha ficado muito bom, mas não quis tirar a moto da oficina, mesmo com o Roosevelt insistindo em fazer um ride test para ver como ficava.

Peça aprovada, faltava repintar e para isso a peça seria enviada para a oficina do Magoo na segunda feira (22/3) e o prazo para retirada da moto ficou por conta do retorno e montagem do pedal.

Com a piora na contaminação pela COVID, a prefeitura do Rio antecipou e criou feriados, atrasando todo o processo.

Moto ficou novamente pronta na quinta passada (1/4), mas só tive oportunidade de retirá-la ontem, sábado (3/3).

O resultado final pode ser visto na foto abaixo:


Para ficar perfeito, apenas se conseguisse trazer o pedal um pouco mais para fora para evitar girar o pé para dentro. Na foto feita da posição do piloto percebe-se que o tamanho do pedal poderia ser maior ou que a peça poderia ser torcida para fora, mas isso iriar alterar a resistência da peça.


A moto foi entregue limpa e a personalização do pedal foi cortesia da Rio HD.

A revisão programada tem preço tabelado de R$ 1.099,00 que pode ser parcelado no cartão. Não foi concedido nenhum desconto por ser HOG member e com isso o custo de uso da moto chega a R$ 9.327,00 na marca de 1600 kms baixando o custo de R$ 6,86/km rodado para R$ 5,83/km rodado.