O grande problema tem sido identificar corretamente a causa do defeito, indo por exclusão, já que defeitos na alimentação não causam erros detectáveis pela eletrônica da moto (pelo menos pela eletrônica da minha moto que é bem anterior aos modelos mais novos e com eletrônica mais sofisticada) por não haver sensores que meçam a vazão do combustível.
O defeito foi assunto de debate no Fórum Harley, e vários colegas foram se manifestando sobre o assunto e agradeço a todos pela colaboração. Muita coisa já havia feito, mas muita coisa foi levantada e levei tudo em consideração. O Alex inclusive se prontificou a emprestar um equipamento para medir a vazão, mas segui na caça à causa substituindo e testando peças, algumas defeituosas e outras não, comparando com peças emprestadas por colegas de suas próprias motos.
Meu primeiro diagnóstico foi uma entrada falsa
de ar que atrapalhasse a marcha lenta: achei o coletor com pequena folga, que
foi devidamente apertado.
Mapa refeito, coletor apertado e
defeito prosseguindo. Por preguiça não abri a visita do tanque para verificar o
sistema da bomba de combustível e segui verificando e limpando os sensores de
temperatura, intake air , ponto e acelerador. Limpei TBI, verifiquei relés e
fusíveis.
O log de erro não apontou nenhum
problema e a ECU aceitou a programação, afastei problemas elétricos ou
eletrônicos. Restam os problemas mecânicos.
Nos fóruns americanos descobri
que o regulador de vazão (responsável por manter a vazão no sistema quando você
fecha o acelerador) deveria ser trocado junto com o filtro de gasolina. O
filtro foi substituído no último problema que tive (43000 kms), mas o regulador
não foi. Troca providenciada e o defeito persistiu.
Passei aos bicos injetores:
muitos sujos (limpos aos 48000 kms) e falhando no teste de vazão, decidi
substituí-los: não temos esses bicos para pronta-entrega no Rio, não achei em
São Paulo ou Curitiba. Importar significa tempo de espera e imposto/frete a ser
pago. Decidi limpar e trazer novos na viagem que farei em agosto.
Bicos foram limpos e testados
novamente, desta vez um teste mais apurado, verificando inclusive o pulso
elétrico e o mecânico que fez o serviço disse que eles se encontram em bom
estado. Foram limpos e relimpos por conta do acúmulo de sujeira. Recolocados, o
defeito persistiu.
Nova tentativa: linha de
combustível que leva do tanque para o intake da injeção. Peça encontrada na Rio
HD (menor preço no Rio, nunca descarte o impossível... ele acontece de vez em
quando) e substituída. Defeito persistiu. Linha antiga foi embalada e guardada
para um aperto futuro.
Resta mexer no que não deve ter
defeito, mas como a linha de combustível também não deveria ser a culpada e
decidi pela troca, vou fazer o mesmo com o filtro de combustível, o que traz
novamente ao velho problema: ainda não encontrei a peça no Rio.
Após procurar em São Paulo e
Curitiba, encontrei o filtro na Floripa Harley-Davidson, dealer em Santa Catarina
ao preço de R$225. Novamente o dealer tem preço competitivo. Nos EUA, o filtro
era cotado a 98 U$, aqui no Rio era cotado entre R$250 e R$ 300 e estava em
falta e em São Paulo, o menor preço que cotei foi R$285, mas era preciso
importar e aguardar a chegada. Detalhe: pedi ao dealer catarinense pelo part number indicado no diagrama da HD e recebi não só o filtro, mas duas braçadeiras, uma mangueira e oring junto com o filtro, uma vez que o p/n se refere ao kil do filtro e não apenas ao filtro. Na análise, ficou bem mais em conta do que os preços cotados no Rio, Curitiba e São Paulo.
Filtro trocado: a moto deixou de falhar com o motor quente e tanque cheio, volta a falhar conforme o tanque está baixando o nível do combustível, mas já voltou a rodar, principalmente com acelerador com MAP positivo.
Comparando os filtros, o filtro antigo já mostrava estar com a vazão comprometida pela sujeira. Ao soprar o filtro novo, a gente escuta a passagem de ar, coisa que não acontece no filtro antigo. Além disso, o acúmulo de combustível dentro da carcaça do filtro (a carcaça é blindada não permitindo que se veja dentro dele) já mostrava que algo está impedindo a passagem de combustível por dentro dele, causando a perda de pressão no sistema.
Esse filtro tem uma previsão de verificação e troca a cada 40.000 kms, mas parece que o nosso combustível não tem confiabilidade suficiente para chegar nessa quilometragem. O filtro anterior foi trocado aos 43000 kms, completamente entupido (a moto sequer ligava), mas provavelmente passou por esse mesmo acúmulo de sujeira até a parada completa do fluxo de combustível bem antes, já que esse foi trocado aos 67.000 kms (24.000 kms de uso) em fase de entupimento, provavelmente se os bicos não tivessem ficado sujos também teria ido mais longe em serviço.
O defeito ainda persiste, notadamente com a baixa do combustível, e ainda existe algum detalhe a ser descoberto, neste momento restando apenas a bomba de combustível e as mangueiras internas que podem ser responsáveis por uma queda na pressão de serviço.
Vou substituir as mangueiras (já devia ter feito isso quando recebi o kit com uma das duas mangueiras, mas a preguiça e a ansiedade para saber se era o filtro impediram isso) e vai restar apenas a bomba de combustível.
Deixo a bomba por último porque é um equipamento elétrico e o defeito comum é deixar de funcionar, coisa que teria sido percebida pela falta do ruído característico ao pressurizar o sistema, e isso não acontece.
O defeito mais raro é uma falha em manter a pressão correta, ou seja, pressuriza ora acima da pressão de serviço, ora abaixo dela e ora na pressão correta, de forma intermitente. E isso é bem raro. Sem falar que é caro comprar uma bomba de combustível sem a certeza de ser a causa do defeito.
De toda a forma, a moto voltou a rodar, embora sem a minha total confiança (um dos motivos para não ter me animado a ir ao evento de Penedo).
Espero postar em breve sobre a solução completa do defeito.