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terça-feira, 7 de junho de 2016

CVO, Fat e Chief: irmãs ou primas?

Essa postagem nasceu de uma provocação do Paulo Junqueira, que pediu para comparar as três motos no percurso do ride test.

O percurso tem mais ou menos 40 quilômetros e se gastam 30 minutos para percorrer sem pressa, compreendendo uma via expressa (a Lagoa-Barra), vias internas de bairro (Leblon, Ipanema e Lagoa) e uma via sinuosa (a Niemeyer).

Outro detalhe desse trajeto é qualidade do piso: geralmente novo, mas com alguns locais ainda bem castigados e sendo reformados para atender às Olimpíadas.

Qualquer comparação começa pelo preço: a minha Fat Boy saiu de linha e o modelo atual custa R$62.900,00 na tabela promocional, a Indian Chief Classic custa R$79.900,00 e a CVO Street Glide tem preço divulgado em R$134.200,00 mas ainda não começou a ser comercializada.

A ficha técnica dos três modelos deixam a CVO como a mais pesada com 395 kg, seguida pela Chief com 357 kg e a Fat Boy como sendo a mais leve com 331 kg, todos em ordem de marcha.

Em termos de tamanho, a Chief é a mais comprida e tem o maior entre-eixos (2,63 m e 1,73m), seguida pela CVO (2,45m e 1,63m) e a Fat Boy é a menor, embora com entre-eixos 1 cm maior que a CVO (2,39m e 1,64m).

Outro dado técnico que é importante para mim é a altura do banco: A CVO tem a maior altura (69 cm), seguida pela Fat Boy (67 cm) e Chief (66 cm).

Resumindo, eu uso as três motos com facilidade mesmo a CVO sendo cerca de 50 kg mais pesada e a Chief sendo quase 20 cm mais comprida pela semelhança da posição em função da altura do banco.

A mecânica das três parece ser bem diferente: a minha Fat Boy usa um motor 88 ci balanceado, a CVO usa um motor de 110 ci sem balanceiros e a Chief usa um motor de 111 ci que me parece ser balanceado pela ausência de vibrações, e mesmo a Fat Boy tendo um motor menor, a preparação do motor a deixa com uma performance pouco abaixo dos motores maiores.

As suspensões também são bem similares: todas usam suspensões telescópicas na frente, ficando as diferenças nas suspensões traseiras: mono-amortecedor inclinado na Chief, amortecedores horizontais na Fat e bi-choque com pré-carga na mola (vinte posições de regulagem) na CVO.

Resumo das três: a CVO é uma moto mais dura e a Chief mais macia. A Fat é honesta, principalmente com as suspensões originais depois de 82000 kms rodados.

Usando as motos é que começam as diferenças.

A Fat Boy é uma moto bem neutra, com um motor muito bem acertado para o meu uso (entrega o torque em baixíssimas rotações), freia mal (falta o ABS), mas nada que a prática não compense. Como a ciclística é bem neutra, é preciso fazer alguma força no contra-esterço para fazer a moto inclinar, resolvendo muito bem a vida do piloto tanto no uso urbano quanto na estrada. Com o Stage I completo, a minha Fat Boy dissipa pouco calor, mas ainda perde para a Chief e no trânsito consegue manobrar com mais facilidade que as outras duas por conta do menor peso e menor entre-eixos.

A CVO é uma moto mais divertida de pilotar. Tem um motor forte, que precisa de ajustes no mapa de injeção para conseguir entregar o torque na mesma faixa que a Fat Boy (ainda dá umas "cabeçadas" e "engasgos" na partida de sinais e retomadas mais preguiçosas). É a que melhor freia entre as três (o ABS reflex mostra ser uma tecnologia a ser imitada) e a ciclística também é a melhor das três por ter um angulo de caster mais reduzido deixando muito fácil a vida do piloto na hora de inclinar a moto. O peso elevado dificulta a vida do piloto na hora de manobrar dentro do trânsito ou parado, mas na estrada não se sente essa dificuldade, pelo contrário: a moto é muito estável em velocidades mais altas. A CVO conta com o Stage I como equipamento original e dissipa pouco calor, mas é a mais quente das três. Para finalizar, o morcego: a carenagem da CVO traz conforto em velocidade de cruzeiro, mas me deixa claustrofóbico e ainda não acostumei com a perda da visão próxima do guidão andando no trânsito, normalmente me estico para ver mais a frente (vou trocar o windshield por um claro para diminuir esse desconforto), coisa que não acontece nas outras duas. A prática diminui essa sensação, mas atrapalha no uso urbano.

A Chief é uma moto que veste bem. Não é tão divertida quanto a CVO por ter uma ciclística muito parecida com a da Fat Boy, sendo neutra e exigindo mais força no contra-esterço que a CVO. Também padece da falta de torque nos regimes muito baixos (provavelmente por culpa das ponteiras esportivas sem qualquer preparação da injeção para usá-las) e tem um limite mais baixo na hora do corte da ignição (a primeira marcha chegou a 60 km/h quando a ignição começou a falhar, limite menor que o da Fat Boy - 70 km/h - e da CVO - 75 km/h). Por ser um circuito urbano, não pude experimentar limites, mas a Chief chega rapidamente aos 100 km/h, freia bem (olha o ABS mostrando serviço) e o peso não é tão percebido quanto na CVO, mas perde no uso urbano para Fat Boy pelo maior entre-eixo. Dissipa pouco calor (o que é o ponto alto da moto, principalmente para quem está acostumado com as HDs) e é muito macia, praticamente não permitindo perceber as irregularidades do piso. Como a Fat Boy é uma moto bem honesta no uso na cidade e na estrada, mas precisa prática para acostumar com o tamanho dela.

Resumo da estória: A Chief perde na cidade para a Fat Boy, perde na estrada para CVO, mas é uma derrota muito apertada. Eu defino a Chief Classic como uma Road King com comportamento de Fat Boy ou uma Fat Boy bombada pelo motorzão de 111 ci, ou ainda como uma Softail com tamanho de Touring.

O comprador que procura uma Fat Boy deve pensar duas vezes na hora de fazer negócio: a Chief entrega tudo que a Fat Boy entrega e muito mais (quando for possível aproveitar todo o potencial do Thunder Stroke 111).

O comprador que procura uma Road King tem um quadro ainda pior pela frente: a Chief se mostra mais amigável que a Road King, sendo mais "usável" na cidade e tão "usável" quanto na estrada, e, se não fosse o preço promocional que está sendo praticado este mês, não haveria nem dúvida sobre a compra da Chief ao invés da Road King.

E aí Paulo, vai trocar a Road King por uma Chief?

sábado, 28 de maio de 2016

ride test na Indian Chief

E finalmente consegui uma oportunidade de fazer o ride test e experimentar a Indian Chief.

Dan Morel já escreveu sobre as impressões no ride test que fez, e foi inclusive alvo de postagem anterior minha.

Além dele, os inúmeros relatos de satisfação que já li, me deixavam cada vez mais curioso sobre a moto.

O ride test foi de cerca de 40 quilometros, saindo da Barra até Ipanema e voltando, com trânsito variando de leve a intenso, onde obrigou a fazer corredor em determinadas situações.

Longe de ser uma condição de "uso normal", o ride test foi bem variado, com piso em reparos, piso ruim e piso novo, além de trafegar pelo trânsito mais parado por conta de sinais e cruzamentos, passando pela via expressa da Lagoa-Barra e o novo viaduto do Joá.

A moto escolhida por mim foi a Chief Classic, tendo sido oferecida a Chief Vintage (que foi pilotada pelo Lobo, acompanhando todo o caminho) e a Scout (que não me atrai e por isso não cogitei testar).

A Chief é uma moto de peso semelhante às Softails da Harley-Davidson, mas com entre-eixos maior dando a impressão de ser um moto muito grande e pesada.

Essa impressão inicial se desmancha no momento de sentar na moto: a moto mostra ser fácil de tirar do cavalete lateral (que fica meio longe para quem tem perna curta) e o conjunto banco/suspensão se mostra confortável antes mesmo de colocar a moto em movimento.

A moto usada para o teste usava ponteiras esportivas, que deixou o ronco bastante grave e agradável de ouvir (pelo menos para quem gosta do som dos V2).

Saindo para o teste, em menos de 10 metros já me sentia a vontade na moto: veste muito bem, o guidão pode ser melhor regulado, mas a posição original é muito boa. Senti falta do contra-pedal (vendido como acessório), mas é questão de condicionamento.

Pilotando, de cara o trânsito já obrigou a fazer corredor, coisa bem natural para a Chief. Com trânsito livre, a moto despeja potência rapidamente e ganha velocidade de forma bem natural, chegando a empurrar na aceleração.

A moto se comporta de forma muito similar ao comportamento das Softails da HD: neutra, exige força no uso do esterço, mas mantém a trajetória com facilidade.

A frenagem é muito linear e homogênea. Não fiz uso do ABS em nenhum momento.

As retomadas são bem fortes, mas merecem uma atenção da engenharia da Indian para poder aproveitar melhor o motor 1800 que mesmo sendo bem elástico, mostra uma indecisão na baixa.

A tampa do cilindro é responsável pela boa dissipação do calor e a moto esquenta muito pouco, praticamente fria se compararmos com os Twin Cam 96 e 103 e esquenta tanto quanto o Twin Cam  110 de refrigeração híbrida que equipa a CVO.

É uma moto que representa uma alternativa tão boa, em muitos quesitos bem melhor, que as HDs.

Para a turma que não gosta do índio no paralama dianteiro e os paralamas fechados cobrindo a roda, recomendo trocar os paralamas porque a moto é excelente.

No resumo é uma Softail com tamanho de Road King que resolve a maioria dos problemas (ou características como gostam de dizer) das Harley-Davidson.

Sobre o dealer Indian: pelo menos no Rio, a equipe de vendas é super solícita. Não deixa nenhuma dúvida sem resposta e dá total atenção ao consumidor. Não comento sobre a oficina, mas até o momento não li queixas sobre o atendimento e não acredito que existirão problemas tão cedo pelo pequeno número de motos rodando.

Agora é esperar que liberem um dos novos modelos que chegaram (Roadmaster e Cheiftain) para ver como se comportam com o angulo de cáster mais fechado, e consequentemente trazendo uma cíclista bem diferente das Chief.