quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

impressões do Bira sobre o test drive da Fat Bob

Iniciada a Fat Bob, o ronco do novo motor M8, mesmo com o escapamento original, é bem agradável. Não tem aquele ronco de VW antigo do motor Twin Cam. O quadro de instrumentos da Fat Bob tem um conta-giros analógico que ocupa a maior parte da vista, ficando o velocímetro no display digital, junto com as informações extras como o marcador de combustível, o indicador de marcha e as opções que se alternam pelo botão "trip" (trip A, trip B, autonomia restante, etc. - não cheguei a ver se na Fat Bob também temos a opção do conta-giros digital numérico).

A Fat Bob é uma moto que "veste" bem. Minha única ressalva quanto à ergonomia da moto vai para as pedaleiras, que achei muito miúdas, principalmente pra quem calça 43/44 como eu. Mas é algo facílimo de resolver, basta trocar as pedaleiras por umas um tiquinho mais compridas. Estranhei um pouco no início aquele tanque de combustível "mirrado" mas ele ajuda no "vestir" a moto e acredito que seja por isso que a HD optou por ele nos modelos que usam pedaleiras em vez de plataformas. 

A embreagem achei um pouco mais firme (manete um pouco mais dura) que a da minha TC96 (que está com EasyBoy) mas nada absurdo. Bem precisa, aliás. Ah, é importante mencionar que ao contrário das novas Touring, nas Softails foi mantido o acionamento da embreagem por meio de cabo, o que é um ponto positivo pra mim (já que tenho o braço esquerdo meio estragado e acho a hidráulica da HD muito pesada). O engate das marchas foi a coisa que achei mais estranha (mas no bom sentido): é uma manteiga de tão macio (lembrando moto japonesa) mas ao mesmo tempo mantém aquele ruído característico de engate das Harleys, aquele "clanck", coisa que você não vê por exemplo nas Indian (em que o acionamento das marchas é macio E silencioso). Ou seja, melhoraram o sistema e o acionamento, mas mantendo aquele "jeitão de HD". 

Andando, a Fat Bob é uma das motos mais divertidas que já pilotei. Lembrem que há alguns anos eu tinha uma Bandit 1200N, e com exceção dos comandos avançados e da óbvia diferença de som do motor (V2 vs 4 em linha) , ela tem uma tocada MUITO parecida. Motor com torque bruto (no caso do V2 a partir de baixos giros) , posição de pilotagem bem "encaixada". Achei a moto um pouco difícil de curvar e fazer contra-esterço, mas isso é mais pela minha falta de hábito com o guidão baixo e aberto do que por característica da moto. Ela arranca MUITO bem e retoma velocidade MELHOR ainda, mesmo em marchas mais altas. Teve uma arrancada que eu dei num sinal que chegou a cantar pneu da primeira pra segunda (de leve, mas audível). Isso que era a 107, imagina a 114!!!!

O primeiro trecho deu pra ver que a Fat Bob é uma excelente alternativa para quem roda no dia-a-dia e não gosta de moto cheio de tralha como eu gosto. 

Peguei um pouquinho de trânsito (não muito já que a cidade está vazia por conta das festas de fim de ano) e algumas rotatórias. Os freios (principalmente o dianteiro) são tão bons que assustam! Ao acionar o freio dianteiro pela primeira vez parecia que tinha jogado uma âncora em um poste de concreto (ainda mais se comparado ao freio borrachudo da minha 2014). Depois que você aprende a dosar os freios vê como eles são sensacionais. 

Ao pegar a via L4 Norte (o trecho "rodoviário" do test-ride) peguei algumas imperfeições no asfalto (remendos mal feitos), de forma INTENCIONAL, pra avaliar a suspensão. A suspensão copia muito bem as imperfeições do asfalto, não tem nada de boba. Também dei umas ziguezagueadas com a moto, ela é bem leve pra mudar de faixa. E o banco? Bom, o banco quando você avalia no "teste bunda" no show room parece uma tábua, mas essa impressão se desfaz parcialmente quando você começa a andar com a moto. Não é nenhum sofá (nem é a proposta da moto) mas é plenamente adequado ao que ela se propõe. Nesse trecho também deu pra ver que a Fat Bob também se dará muito bem em estrada, pra quem gosta de viajar sozinho, todavia faltará lugar pra bagagens e o escape elevado atrapalha pra colocar qualquer tipo de alforge, até mesmo os removíveis. Para esse público a solução será colocar um sissybar destacável grandão (pra usar só nas viagens) e amarrar uma mochila grande nele. 

O final do teste da Fat Bob foi num estacionamento, antes de trocar as motos, para testar como é o comportamento dela em baixa velocidade. Facílima de manobrar e esterçar.

Ah, o novo motor não esquenta NADA!!! NADA!!! No meu trajeto de casa ao trabalho na Deluxe, chego no trampo essa época do ano e já tenho que desligar a moto e sair de cima pra não cozinhar os ovos. Essa aí não. Não sobe aquele "Bafo quente de sauna" quando você para no sinal ou ao chegar numa parada. 

Veredito: A nova Fat Bob em NADA lembra a antiga Dyna, é uma moto totalmente nova. Divertidíssima de pilotar e muito caprichada nos detalhes. Não é a moto que eu teria por questões de estilo, mas não nego que a moto é muito bacana. Digamos que é daquelas motos que quem gosta de pilotar vai abrir um sorrisão de fora a fora quando andar nela.


Vejo para a Fat Bob 2018 um público bem variado: vai pegar alguns órfãos da V-Rod (outros vão pra Breakout); vai pegar novos consumidores (ex pilotos de esportivas e nakeds que resolveram migrar pra HD - boa parte desses vai pegar as 114); vai pegar alguns consumidores tradicionais que saíram das Sportsters mais esportivas (como a antiga 1200XR e a atual Roadster); vai pegar o pessoal mais "tiozão" (tipo eu) que quer dar uma remoçada no estilo de moto; vai pegar o HOG endinheirado que tem uma Ultra e tem dinheiro pra ter outra HD menor pra usar na cidade. 

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