domingo, 12 de outubro de 2014

quando a crítica não é ofensa

Bayer postou em seu blog um chamamento a razão dos apaixonados pela marca e pelo mito Harley-Davidson.

Quando se comenta um defeito, mostra-se uma solução ou mostra-se que a realidade é diferente do marketing não significa depreciar a marca ou a tradição e muito menos os produtos HDs. É simplesmente mostrar que não se deixa de ver os defeitos por gostar de uma marca.

Vou transcrever a postagem que ele intitula "Carta aberta aos leitores do blog" (http://olddogcycles.com/2014/10/carta-aberta-aos-leitores-do-blog.html) por concordar completamente com a postagem. Quem se interessar em acompanhar o debate nos comentários, visite o Old Dog Cycles.

Segue a transcrição:

De uns tempos pra cá, é cada vez mais comum eu receber em posts antigos (especialmente os do tempo em que a Izzo representava a Harley) comentários apaixonados de proprietários de HD defendendo a Harley, como se o Old Dog Cycles estivesse em algum tipo de cruzada contra a Harley.

A maioria dos leitores aqui entende o blog, mas acho necessário fazer uma ressalva para quem acompanha há pouco tempo.

Caso não tenha ficado claro, este é um blog voltado para Harleys, Bobbers, Choppers, antigas e Cafe Racers. Recentemente, as BratStyles e o Baixo Custom entraram na pauta.

Dentre eles, o mais discutido aqui, com mais de 1.000 posts contabilizados, é a Harley-Davidson. E isso acontece justamente porque eu, Bayer, o responsável por esta porra aqui, sou proprietário de HDs há mais de 10 anos. Ando de moto há 21 anos, tenho carta há 18, e desde que comprei a minha primeira HD nunca mais deixei de ter uma na garagem. Aliás, teria tido uma antes se a minha condição financeira permitisse.

Ando com outras marcas, testo motos, uso uma scooter, assisto corridas, mas meu coração sempre volta para o V2 refrigerado a ar de Milwaukee. Venho de uma família americana, que inclui veteranos da Segunda Guerra Mundial, então o mundo das HDs, Indians, Motoclubes e afins sempre correu muito forte em minha veias. O american made sempre contou sim, pontos a favor nas minhas contas.

Mas ser apaixonado pelos modelos, pela engenharia, pela história e tradição de uma marca, a ponto de levar isso para o meu estilo de vida e me fazer gastar muito do meu tempo livre trazendo informações para outros apaixonados, não é o mesmo que ser cego e não enxergar os problemas de pós venda, especialmente de uma marca que se posiciona como Premium no Brasil.

Como um executivo da própria HD me disse uma vez: “É complicado trabalhar aqui, pois os clientes se consideram os guardiões da marca e do que ela representa.”

No Brasil, por causa da cultura do futebol, as pessoas tendem a “torcer” pelas coisas. Um time pode ser péssimo, mas ai de quem falar mal. Um partido pode ser corrupto, mas ai de quem falar mal dele. É preto e branco, branco e preto.

Mas o mundo é feito de tons de cinza. E apesar de eu ser completamente apaixonado por motos, e ter um grande carinho pela Harley, eu não vou virar “torcedor”. Vou sim criticar o que está errado, e elogiar o que está certo.

Afinal, quem me culpa de criticar a HD, esquece quantos posts foram dedicados às novas ideias da empresa, como a linha Street e LiveWire, ou explicando a tecnologia e contando importância histórica dos modelos da marca. Quantos novos proprietários não vieram me contar pessoalmente, ou nos comentários, como eu ajudei eles a entrarem nesse universo. Sem falar que foi aqui que surgiu o post “Vamos esclarecer algumas coisas“, que volta e meia é postado nos fórums de Harley e Customs quando surge uma discussão sobre a marca.

Muitas das análises que faço sobre aqui sobre o marketing da Harley e outras marcas, não são críticas negativas, são análises. E elas são feitas por uma pessoa que trabalhou por muitos e muitos anos nessa área, e esteve do outro lado da mesa em reuniões que envolviam estratégias de muitas das marcas comentadas aqui. Sem falar que eu conto apenas o que qualquer profissional envolvido na área está careca de saber…

A Harley mora no meu coração. Tento não focar apenas nelas pois o mundo do motociclismo e da customização é muito maior do que isso. Mas esperar que eu seja como várias publicações da grande mídia, e ser chapa branca, só elogiando, não faz sentido. Ainda mais quando tudo o que rola aqui, sai do meu bolso, sem patrocínio de nenhum fabricante de motos.

Como disse o saudoso Aldous Huxley:

“Fatos não deixam de existir só porque foram ignorados.”
― Aldous Huxley

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