sexta-feira, 24 de maio de 2013

nada a acrescentar

Bayer, autor do Blog Old Dog Cycles que acompanho normalmente postou hoje uma carta aos motoristas que diz tudo e mais alguma coisa sobre a batalha diária para se andar de moto diariamente no meio do transito das grandes metrópoles.

Ia apenas linkar, mas achei melhor copiar:

Eu sou motoqueiro*. E sei que você me odeia, amigo motorista.

Mas eu não odeio você. Não acho certo julgar uma categoria inteira por causa dos erros de alguns. Você odeia todos os motoqueiros porque teve um que bateu no seu espelho. Mas eu não consigo odiar todos os motoristas porque teve um que me fechou enquanto usava o Facebook no celular.
Sabe, eu também sei que você se irrita quando eu passo no corredor e dou uma buzinada de leve. Já cansei de ouvir você gritando ou buzinando de volta quando faço isso. O engraçado é que em todas as vezes, a buzina não foi para você, mas para a madame na sua frente. Aquela que mudou de faixa na SUV de 3 toneladas sem olhar no retrovisor. Ou foi para o apressadinho do seu lado que atravessou duas faixas na minha frente para não perder o retorno.
Talvez você perdoasse mais a minha buzina se percebesse que as fechadas que eu levo dos outros carros, são bem piores e mais frequentes do que as que você leva. Piores, porque no meu caso eu posso ir para o chão e terminar a vida debaixo de uma roda de caminhão. E mais frequentes pois, se você já toma fechada no seu carro, imagine eu que estou em um veículo bem menor que o seu. Se o sujeito não enxerga um carro pra mudar de faixa, o que dirá uma moto.
Sei que vários de nós são na verdade um lixo sobre duas rodas. Mas isso não é só no nosso caso… Tem gente ruim por aí em duas, quatro e até de seis rodas… Gente que comprou a carta, que dirige embriagado, que não respeita a ninguém, gente que já até matou no trânsito e ficou impune. E não são poucos.
Você, motorista, reclama dos ônibus, dos caminhões, dos taxistas, dos ciclistas, dos pedestres, dos motoqueiros. Mas o que você não percebe é que o mundo foi feito para você. Mesmo sendo uma minoria, tudo é pensado nos motoristas de carros. Todas as obras são feitas pensando em vocês, para priorizar a locomoção de vocês. Por isso entendo perfeitamente que vocês não gostem de dividir espaço nas ruas. Isso ainda é um conceito novo, não é mesmo?
Mas pense que cada moto na sua frente, também é um carro a menos na sua frente. O mesmo vale para cada pedestre, ciclista e passageiro de ônibus. Se a gente conviver numa boa, eu sou um carro a menos criando congestionamento para você. E enquanto você fica no ar condicionado e no conforto do seu pequeno mundo particular, eu estou no frio, na chuva e tomando água de esgoto na cara quando você passa correndo em cima de uma poça suja. Sem falar nos malucos querendo passar por cima de mim…
Mesmo assim, não desisto de andar de moto. Seria mais fácil pegar o carro e chegar limpinho no trabalho, sem me preocupar com nada, ouvindo música. Mas não é a vida que eu escolhi, nem a vida que meus irmãos de moto escolheram.
Por isso, da próxima vez que eu passar por você, não me feche, dê espaço. Se eu buzinar, não significa que eu estou te xingando, é só um aviso amigável para aquele executivo na sua frente prestes a me fechar porque está discutindo no celular.
Olhe para mim e fique feliz de eu não ser mais um FDP na sua frente atrasando o seu tão precioso trânsito.
Abraços,
Bayer // Old Dog
*Sim, me chamo de motoqueiro. E não necessariamente no sentido pejorativo do termo, mas porque essa história de motociclista é nova e, quando eu comecei a andar, a gente se chamava de motoqueiro mesmo, sem frescura.
Para quem quiser conhecer mais, acesse: www.olddogcycles.com e divirta-se.

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