quarta-feira, 13 de março de 2013

o mito da economia na troca de veículo

Existe uma lenda urbana que nasceu no tempo da economia alucinada onde um veículo rodava durante alguma tempo e era vendido por valores mais altos que os valores pagos na compra do veículo novo.

A economia estabilizou, e o mercado de usados despenca como deve ser: veículo usado sofre depreciação de uso e do tempo. Com isso o mito evoluiu para "trocar assim que vence a garantia".

Isso seria justificado com a premissa de que terminando o período da garantia de fábrica, as revisões seriam mais caras e peças idem, sem falar no valor a ser desembolsado para trocar o veículo e voltar a gozar da benesse da garantia de fábrica.

Não sei se vale para carros (vou descobrir quando vender meu carro que com dois anos e meio já ultrapassou os 50000 kms rodados e ainda fica comigo pelo menos mais ano e meio), mas com certeza essa lenda não funciona com as HDs.

Minha moto completa sete anos em breve e sempre tem alguém insistindo que está velha e preciso trocar a moto. Argumentos não faltam: muito rodada, não vale nada para trocar, a tecnologia embarcada está defasada, já gastei muito para manter a moto rodando e assim por diante.

A moto está usada, isso não se discute. Muito rodada é questão de referencial porque em comparação com meu carro, a moto roda menos. A questão do valor de revenda é para ser uma preocupação quando isso acontecer.

Sobre a tecnologia embarcada, realmente está defasada. Os modelos mais novos já contam com o ABS de série e uma central com respostas mais rápidas, mas se quisesse mesmo uma moto com toda a tecnologia possível não ia andar de HD, provavelmente estava andando de BMW e ficando aborrecido porque a minha moto tinha ficado defasada com o lançamento das motos do ano seguinte.

Agora, o argumento de que já gastei muito para manter a moto rodando é o melhor. Minha moto custou R$52.500,00 (nota fiscal, porque gastei bem mais com a forma de pagamento escolhida: 60 meses sem entrada) e o valor de mercado dela anda na casa dos R$ 33.000,00 pelo que a gente vê nos anúncios. Acho  acima do valor real, pelo menos 10%, portanto vamos deixar por R$ 30.000,00, menos ainda se entrar na negociação por uma moto zero.

Para manter a moto rodando e deixá-la do jeito que eu quero devo ter gasto mais R$28.000,00 ao longo desses quase sete anos.

Fazendo conta, entre depreciação de mercado e valor gasto nela: R$ 50.500,00. Quase o valor de nota fiscal em 2006 e um pouco mais de R$7.000,00/ano.

A garantia da zero são dois anos e a Fat zero custa hoje R$50.500,00, o mercado para as 2010 é R$ 38.000,00 e em dois anos de uso serão pelo menos duas revisões: a de 1600 kms e 8000 kms (uso destinado ao lazer) que já coloca na conta pelo menos R$1.500,00. Algum acessório para uma customização de catálogo, escape esportivo, sissy bar para a garupa e vamos acrescentar R$ 4.000,00

Total da brincadeira para dois anos: R$ 18.000,00 com média de R$ 9.000,00/ano.

Fica mais barato cuidar da sua HD e vê-la se tornando uma moto clássica nas suas mãos.

13 comentários:

Mazz disse...

maldito mito que não some... HDs rodam muito mais de 100.000 milhas em estado de novo/conservado. Muitos americanos com quem converso sempre falam que a "ferramenta" deve ser usada enquando não tem serios problemas... fazer o motor nao é serio, ok? Gosto muito do DIY e americano pe fera nisso...

Bayer // Old Dog disse...

Mais uma vez, concordo plenamente. Especialmente com a parte:

"mas se quisesse mesmo uma moto com toda a tecnologia possível não ia andar de HD, provavelmente estava andando de BMW e ficando aborrecido porque a minha moto tinha ficado defasada com o lançamento das motos do ano seguinte."

Acho que você resumiu tudo. Se você quer ter sempre a moto do ano, porque escolher uma moto que justamente tem sua vantagem na tradição e longevidade?

Sem falar que uma Fat Boy, na minha opinião, é como uma jaqueta de couro: quando mais envelhece, mais ganha caráter e personalidade.

O melhor acessório que você pode colocar numa Harley são os quilômetros.

Anônimo disse...

Pois é , esta é a modinha do Brasileiro..... Tem que trocar de carro ou moto todo ano. Porque não podem ficar abaixo do vizinho que acabou de trocar de carro ou de moto. E no final se abanam com carne de prestações...... E muitas das vezes, ficam vendendo o almoço,para pagar a janta, mais o carro ta lá novinho na garagem.

Eu digo e repito, carro e moto não tem ano, e sim dono !!!!

Tem muito carro antigo, em melhor estado do que muito carro 2010 ou 2011/12......

Paranresu,ir concordo 100% ,

Abcs

Kastrup disse...

Adelino, acho que a sua conta foi até barata....em 2 anos eu colocaria pelo menos 3 revisões e aproximando da 4a.

O que só faz a sua conta ser ainda melhor para quem decide manter a moto ao invés de trocá-la.

Eu concordo plenamente com isso e acho que chega num ponto que não vale a pena vender a sua moto mesmo que você queira uma mais nova por algum motivo específico (ABS por ex.).....as HDs além do investimento financeiro geram um investimento emocional, afinal todos procuram deixar a moto com o seu jeito....a "sua moto" tem um valor que as outras não tem....quem viaja e aluga uma moto lá fora sabe bem o que estou falando....já peguei moto zero (a última tinha 17 milhas) e mesmo assim eu preferia estar com a minha....para mim não existe moto melhor do que ela....

Tovar disse...

Wolfmann , esses R$28.000,00 em 7 anos incluem acessórios ? Parece-me que sim.

wolfmann disse...

Tovar, inclui tudo que fiz na moto.

Desde os acessórios que coloquei às revisões com troca de peças desgastadas.

wolfmann disse...

Kastrup, preferi ser conservador. Você sabe que muitos colegas não chegam aos 4000 kms/ano.

A nossa média é uma pouco mais alta. Eu terminei o período da garantia chegando nos 20000 kms (fiz a revisão de 24000 kms na Brazil Custom em janeiro de 2009)e tinha feito as três revisões no dealer.

Mas consegui mostrar o raciocínio da mesma forma.

Pedrão disse...

Não faço tanta conta. Só de adiantar sua vida no trânsito, te dar mobilidade superior a qualquer outro veículo terrestre na cidade e facilitar a sua vida, a moto já se paga.

Quem fica encanado com recuperação de investimento, revenda, etc, não usa a moto como deveria. Se usasse, saberia que ela já se pagou.

Abs.

Anônimo disse...

Wolfmann, muito bom o texto! Concordo 110%! Nunca somei o quanto gastei na minha moto, mas considerando que a diferença da Fat zero para a minha é somente o ABS, não tenho nunca razão para trocar. E mais, mesmo que saiam as Fats 103, ainda tenho opção de passar a minha para 110 :)
abraços, Renatinho

Vonzodas disse...

É, algumas vezes me vejo pensando nisso. Mas, decidi ficar com a minha moto "até derreter". É uma Fat 2011; peguei ela em Julho/2011 e até agora contabilizei pouco mais de 58kkm. Com a quantidade de moto que ainda nem tirou a cera do pneu também 2011, se eu tivesse que vender a concorrência seria brava.

Quando eu chegar nos 300kkm vamos ver quanto ela valerá. Até lá, vou continuar trocando de óleo com mais freqüência do que muita gente troca de tanque de gasolina!

Roque disse...

Concordo em gênero, número e grau. Minha Ultra Glide é 2007, tem 48.000 rodados e é elogiada e fotografada em todos os eventos que participo. Gosto das H-Ds novas (rodei numa Ultra 2012 pelos Montes Apalaches e no Tri Glide 2013, no último setembro, pelo noroeste dos EUA), mas ainda não é o momento para troca. A minha HD está muito bem. Tecnologia? Matéria perecível de vida curta. Tudo que está instalado aí já é obsoleto, pois há outras tecnologias mais avançadas já sendo fabricadas.

Anônimo disse...

prezado wolf,
quando penso em trocar minha "old lady" carburada penso na injeção eletronica e me acalmo e a vontade passa.rsrs
com a sua experiência, como o amigo vê esta questão? usaram tecnologia velha? a efi da hd é confiável ou isto é conversa de tradicionalistas?
trem vermelho no rio, grande iniciativa, prestigiaremos.abraço forte
americo

wolfmann disse...

Américo, eu não tive problemas com a injeção, exceto dois fusíveis queimados.

Conheço vários de casos de sensores com problemas, principalmente os sensores de O2 nas Sportsters. Normalmente tem problemas por conta da alta temperatura e precisam ser substituídos).

Também já li, principalmente nos fóruns americanos vários relatos de problemas com a ECU das injeções Magnetti Marelli (são Delphi desde 2003, salvo engano).

Se você quer trocar não será a confiabilidade da injeçào que vai te atrapalhar. Mas já te aviso que a marcha lenta não será a mesma coisa.