A HDMC USA conhece suas limitações em relação ao seu público consumidor e está sempre buscando estratégias que possam atrair um público novo para seu "universo".
Fica claro que os produtos tradicionais tem pouco ou nenhum atrativo para o consumidor mais jovem e a matriz tenta soluções como foi o lançamento do modelo LiveWire, que hoje é uma divisão independente na HDMC USA produzindo e vendendo motocicletas e bicicletas elétricas e tem uma performance interessante quando comparada com outras empresas do setor que utiliza os motores elétricos em duas rodas.
Recentemente a HDMC USA lançou sua campanha mundial "United We Ride" buscando mostrar que a empresa está implementando valores inclusivos e se inserindo de maneira gradual na agenda woke.
Essa estratégia não foi bem recebida pelos consumidores mais fiéis da marca gerando um boicote e muitas reclamações no mercado americano fazendo com que a matriz repensasse a estratégia e abandonasse as políticas inclusivas que vinha adotando.
Essa ação da HDMC USA não é fato isolado: várias outras grandes empresas americanas estão seguindo esse mesmo caminho e cancelando iniciativas.
Ford, Toyota, John Deere (empresas de máquinas agrícolas), Molson (fábrica de cervejas) e Microsoft são empresas que adotaram o mesmo caminho.
Dentro desse retorno, a HDMC USA parece interessada em aumentar a linha de produção dos motores Milwaukke 8, deslocando a linha de produção dos motores Revolution Max para a Tailândia.
O M8 equipa todos os modelos tradicionais da marca e o aumento de espaço dedicado a fabricação desta linha de motores indica que a HDMC pretende aumentar a produção de modelos que adotem esses motores.
E nada indica um desinteresse da parte da HDMC nos modelos "não tradicionais" Sportster S, Nightster e Pan America, que utilizam o motor Rev-Max. Esses motores serão produzidos na Tailândia (apesar de protestos dos sindicatos nos EUA) e exportados para os EUA a fim de equipar e manter a linha de produção dos modelos acima citados.
O que isso pode impactar no mercado brasileiro? É cedo para responder, mas vou me permitir especular.
A linha de produção em Manaus funciona em cima de metas anuais e tem espaço para, pelo menos, triplicar sua produção.
Com o aumento provável da produção de modelos tradicionais nos EUA, existe boa possibilidade para que as metas nacionais sejam revistas para cima e em caso de aumento de metas de produção fica claro que as metas de vendas também devem ser aumentadas.
Com aumento da meta de vendas, a filial brasileira vai precisar repensar seu "marketing de escassez" e avaliar não só a forma de financiar as novas vendas, como atrair o cliente que está afastado pelos valores praticados no mercado de motos zeros, reposicionando alguns modelos ou até mesmo toda a tabela para permitir vender a produção excedente.
Vamos acompanhando para ver até onde teremos mudanças no mercado brasileiro.