Há um mês atrás a Polaris anunciava o término das importações das Indians para o Brasil.
No Salão Duas Rodas do ano passado, a Polaris anunciava o final da montagem CKD dos modelos informando que as motos passariam a ser importadas montadas aguardando a melhora da situação econômica no Brasil.
Esse anúncio já deixou muitos proprietários preocupados e muitos outros interessados mais receosos ainda em efetivar a compra da Indian.
Assim que foi feito o anuncio surgiram várias discussões sobre o que seria da marca e dos proprietários das pouco mais de mil motos vendidas no mercado brasileiro.
No Fórum Harley eu escrevia na época o seguinte comentário:
Como disse o Bira era uma morte anunciada desde o momento que encerraram as operações CKD.Quem teve a oportunidade de fazer o ride test sabe que o Thunder Stroke é melhor que o Twin Cam, tanto é que a HD se apressou em trazer o M8. A Scout é outro nível, capaz de bater qualquer concorrente. Ou seja, a Indian tem um bom produto e a tendência no mercado interno americano é seguir incomodando a HD.O problema no nosso mercado, além da estagnação da economia, foi o projeto de implantação da Polaris que não decolou. Com preço acima da concorrência, a moto virou símbolo de status enquanto foi novidade. Com a chegada do M8 deixou de ser novidade e virou uma moto cara, e considerada feia por uma parcela significativa dos consumidores de produtos do segmento Custom.Junte a isso o pequeno número de dealers no Brasil, a inexistência de oficinas especializadas, a dificuldade em encontrar soluções aftermarket deixando os proprietários presos às autorizadas e temos um produto sem a principal característica do segmento custom: a possibilidade do proprietário poder fazer uma personalização fora do catálogo.Em termos de concorrência, o único benefício foi forçar a HD a adotar soluções mais modernas no seu catálogo porque em termos de preço a Indian deu um tiro no pé do consumidor porque nunca se transformou em opção para o consumidor (sempre mais cara que as HDs) e permitiu que a HD se reposicionasse no segmento Custom aumentando a tabela, coisa que o mercado não permitia porque o Grupo Izzo jogou os preços para baixo quando encerrou a operação deixando uma tabela bem defasada de herança para a HDMC.Lamento pelos proprietários que ganharam uma herança para os filhos, porque vender uma Indian usada já era sinônimo de perder dinheiro e agora vai ser equivalente a vender um Gurgel BR800, mas a Indian nunca foi um concorrente para a HDMC no Brasil: sempre se comportou como uma parceira.(Com esse modelo de negócios, a Polaris já vai tarde.
O Bira que menciono é o blogueiro que vem mantendo o blog "Bira de Harley" e vem deixando vários relatos interessantes sobre as Softail M8. Ele deixou uma postagem no blog dele que vale a pena ler: http://bira-hd.blogspot.com/2018/06/meus-dois-centavos-sobre-saida-da.html
Mas exatamente o que mudou no segmento custom dentro do mercado brasileiro? Nada, absolutamente nada.
Nem sequer se nota grande variação de preços, e era esperada uma desvalorização, e muito menos uma maior oferta de usadas no mercado.
Os dealers Indian ainda estão com as portas abertas, fazendo negócios nas últimas unidades e mantendo tanto boutique quanto oficina abertas para prestarem serviços e dar garantia.
A Polaris por sua vez ainda não elegeu os representantes que serão responsáveis pelo cumprimento da lei do consumidor de manter peças e serviços por dez anos.
A única coisa que mudou foi o aparecimento de alguns "importabandistas" trazendo peças e acessórios de Indian mediante encomenda e prévio pagamento (normal em um universo tão reduzido de consumidores).
Aos colegas que andam de Indian fica a solidariedade pela forma que foram mal tratados pela Polaris e a certeza que em breve os serviços paralelos vão tratar de dar suporte para manterem suas motos rodando.
Wolf, obrigado pela menção.
ResponderExcluirRealmente, são pouquíssimas as opções aftermarket para Indian no mercado americano, e as opções são ainda mais escassas no mercado brasileiro. Temos as ponteiras de escapamento da Dominator, os acessórios da Wings Custom, e só.
Considerando que foram vendidas apenas 1200 Indians no Brasil (conforme seu comentário no FHD) desde a chegada da marca, muito em breve esse parco mercado aftermarket nacional também "morre".
Junte a isso a estratégia errada de pontos de vendas (até hoje não entendo porque para a região Centro-Oeste - que tem um poder aquisitivo relativamente alto - a Polaris optou por abrir um ponto de venda mequetrefe em Goiânia em vez de uma senhora concessionária em Brasília) e a absoluta falta de divulgação da marca (propaganda zero, nem mesmo em revistas especializadas) e você tem a receita para o fracasso comercial. Brasil não é EUA em que a rivalidade Indian-HD é antiga e notória.