Acabou 2016: vendi a Fat e estou rodando de Street Glide.
Esse resumo diz muita coisa, mas vale o balanço entre as duas motos. Em 2016 foram cerca de 6000 kms rodados, divididos entre as duas motos.
Enquanto iniciava o aprendizado com a SG, convivi bem entre as duas motos, mas conforme a experiência ia aumentando, a Fat foi ficando encostada até decidir pela venda ao ver a moto parada na garagem por duas semanas, sendo forçado a usá-la para mantê-la em condições de rodagem.
Esse foi o principal motivo da venda da moto: a forma como a SG demonstrou ser interessante de usar, mesmo com o perfil de uso urbano que aconteceu em 2016.
A diferença de tecnologia entre as duas motos é marcante, principalmente no quesito freios onde o ABS reflex da SG, aliado ao disco duplo dianteiro e as linhas de freio em aeroquip (que adotei na Fat) fazem uma diferença grande na eficiência da frenagem, deixando a SG bem mais segura para o uso.
A tecnologia da SG também se mostra bem interessante em termos de motor: o TC110SE é um motor muito mais acertado que o TC88. O EIMTS (desligar o cilindro traseiro), o closed loop e o mapa SE junto com o Stage I original deixam a moto muito redonda (senti grande diferença quando foi trocado o sensor O2 que estava defeituoso e não havia percebido até a msg de erro aparecer pois a Fat não contava com sensor O2) me fazendo inclusive repensar a necessidade de remapear. Talvez um ajuste na mistura para compensar o excesso de alcool que nosso combustível tem, mas até o momento tem se mostrado bem acertado, principalmente após a troca do sensor de O2. Ponto a ser decidido em 2017.
Outra diferença marcante entre as duas motos foi o quadro. Enquanto o quadro softail da Fat se mostra neutro, o quadro touring da SG mostra qualidades que permitem uma condução muito mais tranquila no momento de decidir a trajetória em curvas, permitindo menor angulação e correção dentro das curvas.
Um ponto que gostei bastante foi o infotainment: o som tem boa potência, o GPS (muito criticado por proprietários) não me deixou na mão até agora e o bluetooth funciona muito bem, o que me permite deixar o Ipod na mochila, dentro do alforge, sem precisar fazer a ligação por cabo (na entrada USB tenho um pen drive).
Outra coisa que me acostumei facilmente foi a facilidade dos alforges: nada melhor que deixar de carregar mochila ou amarrar a mesma no banco para não ter que carregar. É chegar, abrir e guardar.
Mas nem tudo é positivo. A SG tem maior peso, maior inércia, exige mais do momento da saída até o momento da "recolha do trem de pouso", quando os pés sobem para a plataforma.
Do mesmo jeito, exige mais cuidados na hora de estacionar (empurrar a SG montado é tarefa bastante exigente).
E a embreagem hidráulica é capítulo à parte nessa comparação. Enquanto a Fat tinha uma embreagem muito macia (contava com o auxílio do easy boy), a embreagem da SG se mostra muito dura e cobra muito no momento de fazer "meia-embreagem". É preciso reaprender a dosar a embreagem para não acabar com com as mãos doloridas.
No quesito consumo, a SG se mostra menos econômica: 10,5 km/l na cidade contra 13 km/l da Fat Boy e 18 km/l na estrada contra 20 km/l da Fat Boy. Culpa do motor maior (TC110SE contra o TC88).
Sobre a performance, posso dizer que para o meu perfil de uso tanto uma quanto a outra satisfazem plenamente, apenas a SG se mostra mais divertida. Falta um escape mais sonoro.
No uso urbano a Fat leva vantagem. Pelo menor peso e quadro mais neutro, a Fat aceita melhor rodar no corredor, manobra com mais facilidade e fica mais ágil na mudança de um corredor para o outro. A SG é mais comprida e mais pesada e acaba prendendo mais na hora que você quer fazer uma manobra, mas tudo é prática: hoje em dia tenho muito mais agilidade que tinha quando comecei o aprendizado.
Sobre o conforto: a suspensão traseira da SG não é a suspensão traseira tradicional das tourings e isso tem um preço: por ser mais esportiva, é mais dura e copia mais as irregularidades do piso enquanto a suspensão softail, mesmo não sendo um "cadillac", absorve mais essas imperfeições. Com a SG você vai procurando escapar dos buracos, coisa que nem sempre se faz com a Fat.
O morcegão é outro capítulo a parte: eu acabei me habituando, mas continuo não gostando. Gosto de ver a roda dianteira, coisa que o morcegão não deixa, mas em compensação as perneiras e a carenagem frontal protegem da chuva e do vento, coisa que a frente limpa não permite.
Resumindo: gostei dos dez anos de Fat Boy, mas não deixou saudades. Já o relacionamento com a SG se mostra interessante, mas não consigo dizer que é uma moto definitiva, apesar de ser bem superior à Fat.
E entre uma regulagem do mapa em dinamômetro e ponteiras novas, vamos ver o que 2017 traz para a SG CVO.
Excelente relato, livre de casuísmo ou conservadorismo!
ResponderExcluirWolfmann,
ResponderExcluirpor curiosidade, os novos motores M8 não tem a versão não-balanceada ?
Ainda não e provavelmente não existirá essa versão porque o M8 já foi pensado para não vibrar, ou como a fábrica reportou: "deixamos os motores vibrarem para atender os harleyros antigos".
ResponderExcluirO M8 foi pensado para ser uma plataforma única para os Big Twin, alterando apenas os chassis.
Gostei muito das considerações sobre a Fat, comprei uma 2013 a vinte dias e estou gostando muito! Fiquei triste que vendeu a sua, pois a um tempo venho acompanhando seu blog. Porém temos que evoluir, obrigado e se possível continue postando algo que lembrar dos tempos de fat...
ResponderExcluirGrande abraço